domingo, 23 de setembro de 2018

O corvo se alimenta


O laranja pálido do crepúsculo dominava o céu enquanto Zack Orion se escondia no matagal a quinhentos metros da fazenda onde morava a jovem senhorita Angela Marior, junto com seu pai rico e poderoso. O que estava prestes a fazer iria destruir sua vida, isso dobrava o prazer do jovem coveiro, pessoas poderosas lhe causam nojo.
Todos os sábados a senhorita Marior tinha aulas de inglês na cidade e só voltava quando começava o anoitecer, sempre a pé, acompanhada por um segurança.
Claro que um homem armado era extremamente preocupante para o objetivo de Zack, mas com uma semana de planejamento e a pressão imposta por Lexaror, essa não seria uma grande dificuldade, pelo menos não comparado a vontade de sair correndo daquele matagal e se coçar até sangrar, quanto tempo faltava para aqueles dois aparecerem?
Como se fossem convocados por seus pensamentos, duas formas surgiram no fim da estrada, uma alta e totalmente de preto, a outra pequena, colorida e saltitante.
Enquanto os dois se aproximavam ele percebeu que Angela cantarolava uma velha canção de ninar sobre uma princesa presa por bruxas, sua mãe a cantava para ele, isso fez as memórias de quando era pequeno voltarem, do período em que fora realmente feliz.
Porém essa não era a hora para se lembrar da mãe, tinha um trabalho para fazer, um extremamente prazeroso, mas ainda era um trabalho.
No momento em que a dupla ultrapassou dez passos de onde estava, o coveiro deixou seu esconderijo se esforçando o máximo para ser silencioso, porém o segurança era bem treinado e conseguiu perceber a movimentação atrás de si, virando-se um instante antes de ter o pescoço atingido por um porrete, sendo derrubado e perdendo alguns dentes no processo, a dor insuportável acabou por fazer um homem assustador cair em seus quase dois metros diante do, aparentemente, mais fraco Zack Orion.
Ao ouvir o baque da queda de seu segurança Angela se virou e encarou um homem que a olhava com olhos enfurecidos e cobiçantes, se esticando ele rapidamente envolveu seu pescoço a erguendo.
O segurança rolava de um lado para o outro com as mãos sobre seu rosto enquanto urrava de dor, Zack precisava cala-lo antes que alguém ouvisse, ele levou a garota, arrastando seus pés no chão e se aproximou do homem, ergueu o porrete com sua mão esquerda, baixando com toda a força contra o crânio do segurança várias vezes, espalhando sangue e massa cinzenta na terra, pelas roupas de Angela e em si mesmo.
—Por favor... Pare... — Implorou ela sufocando.
Porém Orion só se deu por satisfeito quando esmagou o rosto do homem por completo.
Repentinamente ele soltou Angela que tropeçou enquanto tentava respirar, a jovem se curvou com dor no peito, o ângulo perfeito para ele, com um golpe certeiro ela caiu desfalecida. Quando Orion a virou todo brilho de sua beleza pareceu se multiplicar com tom pálido que tomou sua face.
—Está perfeita! — Disse ele prendendo o porrete no cinto.
A jovem Angela pesava sessenta quilos, o que não é muito, exceto se precisar carrega-la no meio de um matagal, mesmo com Zack sendo consideravelmente forte.
—Puta merda! — Gemeu ele enquanto tentava manter o equilíbrio. — Espero que essa vadia valha o trabalho.
Zack finalmente chegou a uma parte onde havia rebaixado o mato e poderia se divertir sem preocupações. O corpo frio da jovem era extremamente macio e confortável, como havia imaginado, enquanto se forçava para entrar na jovem, Zack aproveitou o silêncio ao seu redor, isso sempre tornava tudo mais prazeroso, por isso ele gostava do cemitério, barulho é algo insuportável, principalmente quando feito por outros humanos.
Ele a envolveu com seus braços, apertando com força, estava terminando, aquela era a melhor jovem que ele já havia provado.
Quando todo seu corpo explodiu em prazer, Zack teve a melhor sensação de sua vida, precisava de mais, aquilo não era o suficiente, aquela prometia ser uma noite intensa.
—Tem alguém caído na estrada! — gritou uma voz ao longe.
Em sua pressa Orion esqueceu de esconder o corpo do brutamontes, as pessoas da fazenda devem ter estranhado a demora da “sinhazinha” e do troglodita com ela.
—Merda! — Resmungou ele vestindo a calça ainda abaixado.
Já estaria longe quando a encontrassem. Enquanto engatinhava pelo matagal, que fazia todo seu corpo pinicar, o coveiro lamentava não poder aproveitar mais tempo com sua cobiçada Angela, havia até trazido mais preservativos que...
“A camisinha!” Pensou ele olhando para trás desesperado.
O que deveria fazer agora era a dúvida que o consumia, Lexaror havia mandado descartar o preservativo longe dali, mas era arriscado voltar...
“Apenas pense no que vai acontecer na prisão...” Sussurrou uma voz em sua mente. “Qualquer coisa vinda desses caipiras não vai se comparar a isso.”
Zack não sabia dizer de quem era a voz, porém isso não se mostrava importante, ela o acalmou e nada mais importa. Ao se virar as luzes das lanternas apontavam para o outro lado da estrada, para sua sorte os homens procuravam do lado errado. Lentamente Orion se arrastou para onde estava o corpo de Angela, o preservativo permanecia intacto ao lado da jovem, para sua sorte ele não havia sido rasgado pelo mato.
“Pronto, agora é só voltar.” Pensou o jovem se virando e rastejando para longe dali.
—Espera! — Gritou um dos homens de repente. — Eu ouvi alguma coisa!
Zack não esperou para descobrir se ele estava certo, apenas se levantou e correu loucamente para longe de seus perseguidores. Agora sabiam onde ele estava e eles não eram o tipo que pergunta primeiro, balas começaram a voar para todas as direções. Mesmo com o desespero de ser morto ou pego, Orion não conseguia deixar de se irritar com os estrondos ao seu redor, todos aqueles gritos e tiros faziam sua cabeça querer explodir.
Enquanto corria o porrete preso em seu cinto batia na sua perna a machucando, ele quase o havia esquecido, poderia se defender caso os homens atrás de si não estivessem armados.
O que aconteceu a seguir poderia ser chamado de milagre se Zack fosse um homem religioso. Os disparos se tornaram cliques surdos e a gritaria diminui até sumir. Ao virar ele percebeu o espanto nos três que o perseguiam, sua coragem vinha de suas armas e elas estavam inutilizadas. Enquanto Orion ainda tinha a sua presa na cintura, no entanto não gostava de pensar que só se garantia por estar armado. Assim como suas armas as lanternas dos homens se mantinham baixas, ainda não haviam visto seu rosto, a chance de escapar persistia.
—Como vai ser? — Perguntou ele puxando o porrete. — Vão embora ou vou ter que matar todos?
Aquilo realmente os assustou, talvez conseguisse sair dali sem ter mais trabalho, porém o ser humano pode fazer coisas estupidas quando está assustado. Lentamente o homem mais próximo de Zack começou a erguer sua lanterna para tentar vê-lo, já não era necessária uma resposta, teria que matar a todos.
Antes que a luz chegasse ao seu rosto, Zack quebrou o braço que a segurava, um grito ensurdecedor percorreu a noite, logo sendo cortado por uma pancada quebrando a mandíbula do pobre homem, que caiu desmaiado.
—Quem é o próximo? — Perguntou ele batendo o porrete na mão.
Sem pensar duas vezes ambos correram para longe dali, deixando o companheiro para trás, porcos traidores, mas pelo menos não dariam mais trabalho.
Ele então partiu, deixando o homem sem mata-lo, ele não havia visto seu rosto, não era necessário.
O corvo sobrevivia mais uma noite.


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Autor: Lexaror

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