sexta-feira, 15 de junho de 2018

Lei da selva

Faltava pouco para o sol nascer quando John Care acordou com um solavanco do trem, ele levantou assustado, sem lembrar por um momento onde estava, algumas das pessoas no vagão também despertaram e o observavam assustadas, um homem daquele tamanho tem muita facilidade para assustar os outros.
—Desculpe. — Disse ele simplesmente, voltando a se sentar.
O dia anterior havia sido intenso demais para que voltasse a dormir tão rapidamente, primeiro a descoberta de seu maior segredo, seguido por uma proposta para que mais ninguém o descobrisse e por último conseguiu comprar o melhor ponto para abrir mais uma de suas academias por um trocado. O homem com quem ele se encontrou obviamente tinha alguma relação com Lexaror, porém ele pouco se importava contanto que estivesse lucrando com isso.
Enquanto o trem avançava rapidamente pelos campos escuros de Nova Elli a caminho da Cidade Olimpo ele pensava no quanto ainda sobrara em seu estoque, o suficiente para pelo menos mais uma semana, quem iria renova-lo?
A quantidade de alvos possíveis era tão extensa que John não se dava ao trabalho de anotar ou pesquisar sobre algum, apenas via alguém que parecesse bom, o seguia até ter a chance de atacar.
“Senhores passageiros,” anunciou uma voz no alto-falante do vagão, “chegamos a estação da Cidade Histórica de São Teros. Permaneceremos parados por cerca de trinta minutos para conferência e manutenção do veículo, pedimos sua compreensão.
Se estressar é algo que não faz bem para a saúde e Care se importa tanto com isso quanto com sono bem regulado, então apenas tentou voltar a dormir, porém alguém chamou sua atenção. Um homem aproveitava a parada para trocar de vagão.
Um rapaz forte, músculos bem definidos, a pele fina com as veias destacada e, o mais importante, sem qualquer vício aparente. A vítima perfeita.
Assim que o jovem passou para o próximo vagão John se levantou e foi atrás dele. Aquele garoto poderia render até um mês e meio, não havia chance de perde-lo. Enquanto pensava em um plano para subjugar o rapaz, outro já se formava para interagir com ele. Care pode se alterar as vezes, mas quando se trata de uma presa ele se torna uma pessoa extremamente calculista.
Vários planos já estavam prontos em sua cabeça, agora só restava descobrir que rumo as coisas seguiriam.
—Ei rapaz! — Chamou ele de repente. — Deixou cair.
Em sua mão Care mostrava uma nota de cem que acabava de tirar do bolso.
—Nossa! Obrigado! — Respondeu o jovem batendo em seus bolsos, como se procurasse algo. — Não acredito que quase perdi esse dinheiro, muito obrigado.
“Falso como uma nota de três.” Pensou ele entregando o dinheiro.
—Parece estar procurando algo. — Continuou John. — Quer ajuda?
—Só estou procurando o vagão bagageiro. — Respondeu o jovem. — Esqueci meu remédio na mala e está quase no horário de toma-lo.
“Medicação as quatro da manhã?” Se perguntou ele. “Bem vamos fingir que está tudo certo.”
—Sei qual é. — Respondeu o gigante tentando parecer prestativo. — Vem, vou te mostrar.
“A mente é de um ladrão mentiroso, mas a carne parece aproveitável.”
Os dois voltaram a andar com John seguindo na frente indo direto para o último vagão. É óbvio que só podia ser ali e isso significava que uma de suas hipóteses estava se confirmando.
—Aqui está. — Disse ele apontando para porta. — Mas acho que deve estar trancada.
—Isso não vai ser um problema. — Respondeu o jovem. — Acho que sabe porquê vim aqui.
A expressão de Care se tornou um pouco mais tensa, tudo estava saindo como planejado, agora só faltava confirmar uma coisa.
—Claro que sei. — Respondeu ele em um tom mais grave.
—Então qual sua intenção comigo? — Perguntou o rapaz.
—Bem... Como posso dizer? — Disse John pensando nas palavras certas. — Eu fiquei interessado no seu corpo.
Um sorriso malicioso surgiu no rosto do jovem, a ideia parecia tê-lo agradado. Tudo como planejado.
—Eu não costumo ficar com pessoas mais velha. — Comentou ele. — Mas gostei de você, acho que podemos usar esse vagão para coisas ainda mais interessantes.
Sem dizer mais ele puxou dois clipes do bolso, colocou na fechadura e a destravou sem dificuldades.
—Ah, você não precisa saber meu nome. — Disse o jovem abrindo a porta.
—Acho que isso não é um problema. — Respondeu John entrando no vagão.
Aquilo não era novidade para ele, é extremamente comum seduzir suas presas antes de abate-las, para Care não importa o gênero apenas a qualidade do corpo e aquele jovem estava em ótimo estado, em todos os sentidos.

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O balanço do trem e a chance de serem pegos tornava aquilo ainda mais prazeroso.
—Ah Deus! — Gemeu o rapaz soltando Care e se virando de costas. — Agora, vai, me come!
—Isso vai ser um prazer. — Ofegou Care. — Se prepara.
Ambos gemeram quando ele enfiou, já no êxtase do prazer, com um orgasmo preste a vir para os dois, quando a mulher no alto-falante anunciou que acabavam de entrar na Cidade Olimpo, Care colocou a mão sobre o rosto do jovem, que imediatamente começou a chupar seu dedo, no entanto o motivo não era prazer, pelo menos não sexual, seu pescoço estalou quando John puxou sua cabeça com toda a força.
O corpo caiu sobre as malas fazendo uma pilha delas desabar. Tudo como planejado.
“Já estávamos na minha cidade,” pensou ele se vestindo, “acho que podia mata-lo, não é?”
Não havia ninguém ali para responder aquela pergunta, porém ele se sentiu seguro e isso era o suficiente.
Uma das malas sobre sua presa era extremamente grande e, embora fosse de um rosa muito chamativo, serviria perfeitamente para o que precisava.
Dez minutos e dois ossos quebrados depois ele conseguiu colocá-lo na maldita mala, agora só precisava contar com a sorte de não dar de cara com o dono dela, a mochila com suas coisas estava jogada ali perto, então apenas a pegou e deixou o vagão.
No momento em que o trem parou ele saltou e saiu o mais rápido que pode, pegando um taxi logo em seguida.
Enquanto voltava para casa sua mente tentava entender como havia acreditado que alguém marcaria uma reunião no meio da noite, mas isso já não importava mais, seu estoque estava renovado e ele se sentia livre da ameaça de ser pego. Tudo melhor que o planejado.


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Autor: Lexaror