Mary Castell partiu
diretamente para o hotel onde havia se hospedado na noite anterior, mesmo em
uma situação tão inusitada e desesperadora ela ainda exigia um certo nível de
conforto.
O que mais incomodava sua mente no momento era como aquele tal Trevor conseguira passar
por sua segurança sem ser percebido e entrado em sua suíte.
Para sua sorte ele não estava mal-intencionado ou ela provavelmente estaria morta agora, mesmo com
toda sua perícia em artes marciais o homem era um titã e ainda por cima estava
armado.
O único motivo para
estar naquela cidade era uma proposta de venda sobre um dos melhores pontos da região, porém uma das exigências do proprietário foi ela mesma fosse
negociar com ele. Era óbvio que tudo não passara de uma simples isca, mas a
viagem claramente havia sido proveitosa. O senhor Lexaror proporá algo
realmente interessante, a oportunidade de se divertir muito mais à vontade com
seus amados jovens, sua preocupação era que tipo de trabalhos ele pediria para
ela, não que fosse difícil imaginar o que seria pedido à uma assassina em
série, mas Mary não gostava da ideia de se tornar uma mercenária.
Assim que chegou ao
hotel ela se deparou com uma moça andando desesperada de um lado para o outro
do hall e falando histericamente com todos os funcionários que conseguia.
–Mestra Castell! –
Gritou ela assim que a avistou. – Aqui mestra!
A jovem correu
desenfreada na sua direção, lágrimas caiam de seu rosto enquanto um sorriso aliviado
tentava domina-lo.
–Por favor, mestra,
conte-me o que aconteceu com você. – Implorou a garota.
–Aqui não é o local,
Dalia. – Respondeu a mulher. – Vamos subir e quem sabe mais tarde eu não te
conto algo.
Diante da suíte que
Mary havia alugado estava um homem enorme que era seu segurança pessoal.
–James. – Chamou ela.
– Quero te perguntar algo e espero que não minta para mim.
–Em que posso ser
útil, senhorita? – Perguntou o segurança.
–Na noite anterior
você deixou alguém passar por essa porta? Qualquer um, com exceção, é claro, de
Dalia?
–Em momento algum,
senhorita. – Respondeu ele. – Não me movi daqui até o momento em que me
dispensou, dizendo que Dalia havia encontrado um outro segurança para virar a
noite.
–Eu nunca disse isso!
– Contestou a garota indignada. – Não encontrei substituto algum para você! Ele
está mentindo mestra!
–Não. – Respondeu
Castell. – O que ele diz é verdade, realmente o dispensei pela noite.
–E senhorita, tem... –
Tentou dizer o segurança.
–Agora não James. –
Interrompeu ela. – Quero descansar antes de qualquer outra coisa.
Assim que passou pela
porta Castell despiu seu casaco e o atirou para traz, Dalia conseguiu pega-lo
antes que caísse no chão, a jovem o segurou como se fosse um objeto sagrado
antes de pendura-lo.
–Já estava começando a
me preocupar com sua demora, senhorita Castell. – Disse uma voz estranha em
outro cômodo.
Dalia gritou e saltou
na frente de sua mestra. Mary manteve a calma como sempre, era óbvio que James
havia tentado avisa-la, mas ela o havia interrompido e é claro que ele não
deixaria qualquer ameaça entrar ali.
–Fico realmente grata
com a sua preocupação. – Disse ela. – Mas poderia me dizer que é o senhor?
–Bem, perdoe minha
falta de educação. – Disse o homem se aproximando do cômodo onde estavam. – Me
esqueci que ainda não havíamos nos conhecido pessoalmente.
Assim que o homem
deixou o corredor, surgindo diante delas, Mary soube quem era, o negociador com
quem ia encontrar-se, Eddie Monroe.
–Senhor Monroe! –
exclamou ela fingindo encantamento. – Saia da frente, Dalia! Retire-se!
Desculpe não ter reconhecido sua voz.
Ela estendeu sua mão e
ele a pegou para beija-la levemente.
–Isso era esperado, já
que nos falamos apenas por mensagens durante todo esse tempo. – respondeu o
homem. – Bem, acho que podemos ir direto aos negócios, não é mesmo?
–Mas é claro. – Confirmou
Mary.
Durante a maior parte
da reunião os pensamentos de Castell fluíam entre o quanto aquele homem e
Lexaror estavam relacionados e em lembrar de toda a pesquisa que havia feito
sobre ele.
Nada sobre aquele
homem parecia muito chamativo ou interessante para ela, pelo menos até agora.
Ele já não parecia mais uma pessoa comum entre a multidão, talvez pudesse até
ser alguém com quem ela conversaria normalmente.
–A meu ver temos um
acordo. – Disse Monroe por fim. – Vou pedir ao meu advogado que para redigir um
contrato com os termos que acertamos.
–Não tenho objeções. –
Respondeu ela. –Foi um prazer conhece-lo pessoalmente, senhor Monroe.
–O prazer foi meu. –
Disse ele estendendo a mão para cumprimenta-la. – Mas não acho que precisa
acabar tão cedo.
Ela já sabia o que ele
diria a seguir, não era incomum os homens tentarem seduzi-la, mas continuava
sendo um incômodo.
–O que acha de jantar
comigo esta noite?
–Me perdoe, mas terei
que recusar. – Respondeu ela. – Em poucas horas já estarei voltando para minha
casa em Orgena.
A maior parte do tempo
Mary Castell transparece ser calma e controlada, com cada passo bem
calculado, porém, em determinadas situações, ela é capaz de se tornar uma
pessoa extremamente agressiva, principalmente se conseguem irritá-la e o que
mais a enfurece é tentarem força-la a fazer algo.
–Eu insisto que fique.
– Continuou Monroe. – Seria um grande prazer ter sua companhia esta noite.
–Repito, não posso. –
Disse ela aumentando o tom. – Tenho negócios a resolver na minha cidade.
Ele agarrou seus
braços com força e aproximou o rosto do dela.
–Acho que não
entendeu! – Rosnou ele entre os dentes. – Quero você esta noite! Nosso “amigo
em comum” deve ter falado com você hoje.
Eddie Monroe mostrou realmente
se tornar um homem assustador quando quer e após tantos anos em sua posição de poder
já se desacostumou a ouvir a palavra não.
Os olhos frios da
mulher se encontraram com as chamas furiosas dos seus. Toda aquela aparência frágil e pacifica que
ela transmitia simplesmente sumiu, como se um véu houvesse sido tirado de seu rosto.
–Quem não entendeu foi
você, senhor Monroe. – Respondeu ela com um tom gélido. – Sempre que eu disser
não, só existe um significado.
Foi possível ouvir um
de seus órgãos sendo esmagados quando Mary atingiu seu joelho na barriga de
Monroe, que caiu curvado diante dela. Um chute forte o suficiente para
derruba-lo de vez atingiu seu rosto, logo seguido por um salto baixo pisando
sobre sua face.
–Se realmente temos,
como disse o senhor, um “amigo em comum”, deveria saber o quão perigosa sou. –
Disse ela tão fria quanto o inverno. – Claro que um lixo velho como você não
faz meu tipo, porém tirar alguém como você desse mundo pode ser um certo prazer.
James abriu a porta
para ver o que estava acontecendo e a cena diante de seus olhos não era
exatamente uma novidade.
–Está tudo bem, James.
– Disse ela tirando seu pé do rosto de Eddie e se afastando. – Apenas o tire
daqui.
Pouco antes do
segurança arrastar o homem porta à fora sua chefe mandou que parasse.
–Espero, senhor Monroe
– disse ela, – que esse seu ato inconsequente não venha a interferir em nossa
negociação. Aguardarei o contrato redigido por seus advogados, com os termos
que entramos em acordo, é claro.
Sem esperar resposta a
mulher deixou a sala enquanto seu segurança atirava o homem para a corredor.
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Autor: Lexaror