quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Rainha do sangue

Assim que chegou em sua mansão – após um longo dia – Mary Castell retirou a gravata que apertava sua garganta, logo a atirando no chão, seguido dos saltos que machucavam seus pés, a meia-calça que parecia estrangular suas pernas, o terno que prendia seus braços e aquela maldita saia limitando seus movimentos.
Finalmente estava livre, quando entrou em seu salão de treino um homem a aguardava meditando, não foi surpresa alguma vê-la entrando seminua, mesmo Mary possuindo um corpo de aparência dita como inalcançável, bem definido, forte, sem quaisquer manchas ou marcas, não era a primeira vez que via aquela miragem.
Ela vestiu seu quimono rapidamente, se pondo em posição de combate – sem cumprimentos ou qualquer coisa do tipo – pratica e objetiva como sempre.
Duas horas seguidas de treino sem paradas, um treino intenso, ambos ofegavam e pingavam suor quando terminaram, sem vencedores. Quando Dalia entrou anunciando que o jantar estava pronto sua postura mudou, voltando a parecer totalmente serena, mesmo com seus cabelos e rosto encharcados.
Após um convite rapidamente recusado para acompanha-la, Castell deixou seu mestre retirando o quimono, Dalia ajudou-a vestindo o roupão e lhe entregando uma toalha para seu rosto e cabelo.
Enquanto jantava Mary assistia noticias sobre economia e política, um candidato a prefeito foi assassinado em Hergos, seria coincidência Lexaror ter estado ali poucos dias antes? Ela duvidava.
Dalia permanecia ao seu lado pronta para atender sua mestra a qualquer momento, acompanhada por outros quatro serviçais ao redor da mesa.
—A senhora gostaria que eu já preparasse seu banho, mestra? — Sussurrou a jovem.
—Ainda não, Dalia. — Respondeu Mary. — Tenho assuntos para resolver, tudo está tudo pronto lá embaixo?
—Tudo perfeito, mestra. — Respondeu ela. — Não precisa se preocupar.
—Muito bem, vou descer então.
Assim que se levantou os empregados começaram a retirar a mesa.
Mary seguiu para o seu quarto, indo diretamente para o closet onde havia um alçapão que levava ao porão. Descendo as escadas ela tentava planejar o que faria, porém, a própria sabia que tudo acabaria por se tornar uma selvageria total.
Um jovem surgiu em seu campo de visão — completamente amarrado em uma cadeira — ele já estava ali a dez dias, faziam três que ela não o via, nesse tempo Dalia o havia alimentado e tratado seus ferimentos. A poucos metros do rapaz estava uma mesa com diversas ferramentas, objetos afiados e até mesmo a bateria de um carro com cabos conectados nela.
Destoando totalmente dos outros itens uma muda de roupa fora deixada sobre a mesa, Mary rapidamente atirou seu roupão para longe o trocando por uma saia justa e sua camisa mais velha, aquele era o único momento da vida em que ela não se importava com que roupa estava usando.
Quando retirou a venda do jovem sua agitação triplicou, somente duas pessoas desciam ali, Dalia para tratar seus ferimentos e ela para causa-los, não havia como confundi-las.
—Como tem passado, Josh? — perguntou ela arrancando sua mordaça. — Cuidaram bem de você?
—Por favor! Por favor! Me deixa ir! — Implorou o garoto. — Juro que não vou contar para ninguém.
—Pobre Josh. — Caçoou Mary pegando um alicate. — Bem que dizem: “A esperança é a última a morrer.”
Antes mesmo que ele pudesse perceber o alicate entrou em sua boca sendo fechado com sua bochecha entre ele. Um grito ensandecido tomou conta do porão, porém nem um decibel escapou do lugar graças ao isolamento que custou bem mais caro para não existir nos registros, assim como não seria comentado fora dali.
—Isso mesmo! Grite! — Gemeu Castell. — O mais alto que puder! Até sua garganta sangrar!
Quando o alicate deixou sua boca Josh aproveitou para cuspir todo sangue nela na mulher que o torturava, cobrindo metade de seu rosto e manchando suas roupas. Com um olhar espantado ela tocou seu próprio rosto, as pontas de seus dedos foram pintadas de um vermelho intenso, que desapareceu entre os lábios da mulher.
—Parabéns, vadia. —Disse Josh com dificuldade. — Sabia que eu tenho AIDS?
Mary aproximou o rosto do rapaz, segurou seu queixo e sussurrou em seu ouvido.
—Você fica tão bonitinho mentindo. Só para você saber, antes de começarmos, eu verifiquei cada doença que pudesse ter, você é um jovem muito saudável.
A cabeça do jovem baixou como se fosse pesada demais para mantê-la erguida, por que aquilo estava acontecendo com ele? O que havia feito de tão ruim para merece-lo?
Seus pensamentos foram rapidamente cortados pela terrível dor de um prego atravessando seu braço. Nas mãos de Mary estava uma pistola, um de seus brinquedos favoritos. A pistola de pregos é rápida e não exige esforço algum, sua única desvantagem é não transmitir a sensação de estar perfurando o corpo.
—Por quê? — Gritou Josh entre as lagrimas. — O que eu te fiz? Você está ganhando alguma com isso?
Um sorriso doce e sincero tomou o rosto da mulher.
—Claro que estou querido. — Ela acariciou seu rosto. — Sei o quão terrível tudo isso parece para você, no entanto, do meu ponto de vista, é o maior prazer que existe.
Mais um prego perfurou a pele do jovem, dessa vez em sua coxa, Castell pode ouvir cada centímetro do músculo sendo rasgado, alojando-se perfeitamente no lugar, como se fosse feito para estar ali, uma onda de puro prazer a percorreu.
—Coloque sua língua para fora. — Ordenou ela.
O garoto balançou a cabeça desesperado, fechando sua boca com toda força que pode.
—Não é um pedido! — Rosnou ela batendo a pistola em seu queixo. Um prego perfurou cada uma de suas orelhas, Castell não é alguém que aceita bem ser contrariada. —Abra a boca.
Ele voltou a se negar e dois pregos perfuraram seu ombro.
—Sua língua, Josh.
—Não... — gemeu o jovem.
Ela agarrou seu rosto e apontou a pistola diretamente para o olho de Josh.
—Vou ser direta, — começou Mary, — você pode passar seus últimos dias no escuro ou me obedecer logo!
Extremamente relutante ele abriu a boca e pôs a língua para fora, que logo foi trespassada por um prego, tudo estava sob controle de novo.
—Agora, acho que suas unhas cresceram muito nesses dias. — Disse ela pegando outro alicate.

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Após pouco mais de uma hora ambos estavam cobertos pelo sangue do jovem e exaustos, ela satisfeita enquanto ele agonizava, lutando para continuar vivo.
—Acho que está bom por hoje. — Disse Castell colocando um estilete ensanguentado sobre a mesa.  — Nos veremos novamente em breve, querido.
Enquanto subia as escadas ela pensava na sorte que dera encontrando aquele jovem, era raro as pessoas manterem a esperança por tanto tempo, provavelmente ele só se mantinha vivo graças a isso.
Assim que deixou o closet Mary se deparou com Dalia a aguardando em seu quarto, prontidão é algo muito valorizado por ela, algo que Dalia possui de sobra, a jovem conhece bem seus deveres.
—Seu banho já foi preparado, mestra. — Disse a jovem se curvando.
Mary tirou suas roupas as deixando ali mesmo e indo diretamente para o banheiro, antes de entrar na banheira ela se pôs sob a ducha para retirar o máximo de sangue possível, todo seu cansaço parecia descer ralo abaixo.
Uma banheira quente é uma das formas mais relaxantes de se terminar um dia, principalmente após tanto esforço, foi então — em seu momento mais relaxado — que ela percebeu haver algo errado. Algo a mais.
Por sua guarda estar baixa Mary demorou para perceber a maleta sobre o balcão da pia, um objeto que com certeza não deveria estar ali. Seu primeiro pensamento foi estar com uma bomba ao seu lado, porém, quando se levantou assustada, percebeu a carta selada por cera com um enorme L.
Seria impossível um de seus funcionários deixar aquilo ali sem ser visto por Dalia e ela duvidava que a jovem pudesse ter feito algo do tipo.
“Lexaror tem pessoas habilidosas ao seu lado.” Pensou ela. “Não sei se isso deve me confortar ou preocupar.”
Sem esperar ela vestiu a primeira roupa que encontrou e partiu para o seu escritório.
 Mary começou abrindo a carta, nela só havia um convite para uma festa na capital, São Cielos, que aconteceria em alguns dias. Já a mala estava repleta de coisas, todas muito interessantes, uma série de documentos sobre o grande empresário da área farmacêutica, Robert Davis, desde as ações de sua empresa e ONG’s que ajudava até seu peso e tipo sanguíneo, logo seguidos por diversas fotos dele fazendo sexo com várias mulheres diferentes, todas elas negras, Castell não estava gostando daquilo, também havia um pequeno comprimido numa embalagem de plástico escrito “sublingual”, um bilhete parecia explicar tudo aquilo.
“Senhorita Castell, estou a convidando para festa beneficente do senhor Robert Davis, onde deve mata-lo com este comprimido, caso possua uma arma mais eficaz e/ou consiga executar este serviço antes do prazo sinta-se livre para agir, apenas lembre de não deixar rastros.
L.S.”
Quase tudo fazia sentido agora, exceto pela carta de tarô segurando uma caveira sentada em um trono feito do mesmo.
Mesmo sem querer aceitar ela percebeu que aquela era uma representação sua, claro, ser chamada de rainha fazia seu ego aumentar e muito, porém Lexaror queria que ela seduzisse um velho decrepito e isso era o equivalente a chama-la de prostituta, Mary não aceita ser ofendida assim.
“Isso terá volta Lexaror,” pensou ela, “posso garantir.”
Porém, por enquanto, ela tinha um assassinato para planejar, enquanto pegava as plantas da mansão do senhor Davis a mulher se perguntava quais seriam as motivações para aquilo.


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Autor: Lexaror

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Caçada e captura


No porão de sua casa Sandro Diaz observava um mural com a foto de três homens, um jovem negro de cabeça raspada, outro branco com longos cabelos dourados e um homem já com seus quarenta anos e cabelos bem penteados começando a se tornarem grisalhos.
O tipo favorito de Sandro são homens com cabelos mais longos, por causa da facilidade em se manter a cabeça segura, porém o rapaz negro possuía um pescoço magro onde sua mão parecia se encaixar perfeitamente, estava sendo difícil escolher apenas um.
“Segundo Simon eu poderia pegar os três,” pensou ele, “no entanto devo dar algum espaço de tempo, para não dificultar seu trabalho.”
“Mas quanto? Alguns dias? Uma semana? Duas? Um mês?”
Aquela dúvida o estava matando, seu estômago doía com a animação de poder capturar os três em um único mês, porém a ideia de ser descoberto era aterrorizante.
Bem, se mantivesse o cuidado no mesmo nível as chances de ser pego eram mínimas, então por que não arriscar? Valia a pena. A primeira vitima seria Jeferson, o jovem negro com seu belo pescoço pronto para ser empurrado até o fundo de um barril.
Ele revisou a ficha que fez do rapaz, em poucas horas ele deixaria o bar em que trabalhava e percorreria um caminho de vinte minutos até o metrô, esse seria o momento perfeito para agir, as ruas daquela região costumam ser extremamente calmas, principalmente naquele horário.
Em dez minutos Diaz partiu com seu carro para a zona oeste, se tudo saísse como planejado estaria no lugar em meia hora, contanto que nada o atrapalhasse no caminho.
Mesmo tendo chegado dez minutos depois do planejado ainda daria tempo de preparar tudo se fosse rápido. Uma de suas partes favoritas, fora o afogamento em si, é executar o plano de captura, cada alvo exige um método diferente de aproximação e ele adora interpretar.
Segundo sua pesquisa Jeferson era um jovem caridoso, do tipo que adora fazer doações e trabalhos voluntários, não importa o quanto estivesse cansado ele sempre pensava no próximo então Sandro decidiu se vestir como um morador de rua.
Não foi preciso esperar muito para que seu alvo virasse a esquina, assim que o jovem passou por Sandro ele estava irreconhecível, envolto por um cobertor velho, os cabelos desgrenhados tão sujos quanto seu rosto e roupas. Ele estendia sua mão, que tremia levemente, pedindo um trocado qualquer.
Como um rato atraído para ratoeira Jeferson se aproxima sem desconfiar de nada, puxa sua carteira e pega uma nota. O que mais impressionou a Diaz não foi a prontidão do jovem em ajudar um completo estranho, mas sim seu sorriso de satisfação, como se aquilo o fizesse estar completo.
O garoto entregou a nota e no momento que suas mãos se tocaram seu braço foi agarrado, os aproximando repentinamente fazendo seus rostos quase se tocarem. Sandro então cravou uma agulha em sua coxa, injetando cem miligramas de haloperidol no jovem que desfaleceu imediatamente.
Tudo como planejado, agora só era necessário arrasta-lo até o carro, algo fácil já que Jeferson não passava dos sessenta quilos, bem no limite da sua força.

------- † -------

Acordar em um lugar desconhecido sem saber como chegou ali é uma das sensações mais aterrorizantes que se pode sentir, quando os primeiros segundos de confusão passam e você percebe estar amarrado em uma cadeira toda a realidade parece ser alterada para fantasia insana de um pesadelo.
Esse era o sentimento de Jeferson ao se ver em um galpão vazio, preso e amordaçado diante de um homem de bermuda e camisa polo — pronto para um passeio matinal — enchendo um galão com uma mangueira.
—Em... é... ocê? — tentou perguntar ele.
O homem virou sua atenção para o jovem.
—Ah, que boa surpresa. — Disse o estranho. —Acordou antes do que eu imaginava. Bem, já estamos quase prontos para começar.
Ele não sabia o que estava para acontecer, porém tudo apontava para algo horrível, precisava escapar dali de qualquer jeito. Sua primeira ideia era soltar aquelas malditas amarras, mas fazer alguém dormir não é o único efeito de um sedativo, seu corpo estava sem força para se mover.
—Não adianta tentar se soltar. — Disse o homem soltando a mangueira e se aproximando. — Você vai ter dificuldade para se mover nas próximas horas... Mas não vai ser um problema para você considerando o que está para acontecer.
“Agora vou tirar essa mordaça e você não vai gritar, estamos entendidos?”
Jeferson concordou com a cabeça.
—Socorro! — Gritou ele assim que pode. — Por favor! Alguém!
O homem apenas sorriu diante do seu desespero, ele já sabia que aquilo aconteceria.
—Pobre Jef, — zombou ele, — achou mesmo que isso fosse dar certo?
Aquele desgraçado só estava brincando com ele, se divertindo com seu sofrimento, mas ele não podia aceitar aquilo sem lutar, o jovem pôs toda sua força em seu braço direito, esforço que rendeu apenas um leve empurrão contra a amarra e grandes gargalhadas do homem a sua frente.
—Seus esforços me divertem. — Disse ele soltando os pés do jovem. — Porém estamos ficando sem tempo, vamos começar logo isso.
Quando seu braço foi solto Jeferson tentou socar seu raptor e tudo que conseguiu foi um movimento lerdo e desajeitado, fácil de ser evitado.
—Por que está fazendo isso? — Perguntou o jovem. — O que você quer?
—Bem, Jeferson, — respondeu o homem soltando a última amarra, — para ser sincero eu quero enfiar sua cabeça naquele galão, então se puder colaborar e lutar bastante, eu iria agradecer.
Assim que o estranho ergueu seu corpo, segurando por baixo de seus braços, ele começou a se debater, tentando para-lo empurrando seus pés contra o chão, forçando seu corpo a se mover corretamente, tudo em vão.
Cada passo mais perto do galão era agoniante, como se mil agulhas furassem sua pele, ele sabia que estava perto do fim, mas precisava tentar fugir.
Com o resto de suas forças Jeferson começou a balançar seu corpo, uma tentativa desesperada de se soltar, o que pareceu funcionar no momento em que chegaram diante do galão, as mãos de seu algoz afrouxaram o aperto, estava livre, precisava aproveitar e fugir. Um novo aperto veio, seu corpo foi agarrado com força, porém, dessa vez, mais em baixo, estava sendo erguido.
Não houve uma frase de efeito, direito a últimas palavras ou hesitação por parte do homem, ele apenas agarrou seu pescoço e afundou sua cabeça no galão. Jeferson tentou segurar nas bordas para se afastar, mas não possuía força suficiente em seus braços.
Água gelada bateu em seu rosto com violência e, enquanto se expirava o último folego, começou a invadir seus ouvidos, logo seguindo por seu estômago e pulmões.
Os seres humanos possuem necessidades básicas para sobreviver e quando uma delas é ameaçada seus instintos os levam a cometer atos extremos, sentir fome por longos períodos pode levar alguém ao canibalismo , já a sede pode fazer alguém consumir água de qualquer lugar, mesmo que isso ponha sua saúde em risco, porém existe uma necessidade que nos leva a agir imediatamente, a falta de oxigênio, algo tão essencial para vida que pode nos levar ao impensável. Jeferson o descobriu quando conseguiu balançar aquele galão muito mais pesado que ele e se erguer para respirar um pouco de ar.
Sem aguardar um segundo sequer ele foi novamente empurrado para água, o homem passou a apertar seu pescoço com ainda mais força. Enquanto lutava sua força ia lentamente se perdendo, a escuridão começava a domina-lo. Nos filmes, seria nesse momento em que ele deveria ser salvo ou descobriria uma forma de escapar, não podia morrer daquela forma, tinha que se livrar dessa.
Porém aquilo não era um filme.

------- † -------

Enquanto segurava o jovem inquieto e sua camisa era encharcada por seus movimentos desesperados, Sandro respirava pesadamente, aquilo estava sendo incrível. Nas duas vezes em que Jeferson se ergueu – tentando loucamente respirar – ele mordeu o lábio com força na tentativa de não gozar ainda.
Os movimentos do jovem logo começaram a se tornar mais lentos, perdendo toda sua força inicial, o fim estava próximo.
Quando as últimas bolhas de ar subiram, enquanto o corpo do pobre coitado permanecia imóvel com sua cabeça afundada no galão, Sandro não precisou mais se segurar, sua calça ganhou uma mancha forte. Ele soltou o corpo e cambaleou para trás, perdendo o equilíbrio, acabando por cair sentando no chão, aquilo foi perfeito.
Porém não havia tempo para se perder apreciando o momento, precisava limpar tudo por ali antes que a manhã chegasse e os guardas acordassem, para sua sorte os funcionários da noite ali não eram muito bons e, é claro, podiam ser facilmente comprados caso acordassem, já acontecera uma vez.
Bem, aquela bagunça não iria se limpar sozinha.

------- † -------

Andando pela rua Charles escuta a notícia, na televisão de bar, de um jovem encontrado no litoral da Praia Azul. Não fazia sentido parar por aquilo, mas o que fazia?
“O jovem foi encontrado a dois quilômetros do cais, onde acreditasse que ele se atirou.” Disse o âncora. “Os familiares dizem que Jeferson Menezes era um rapaz alegre que amava ajudar o próximo, ninguém poderia imaginar que faria algo assim.”
Tão rápido quanto surgiu o interesse de Charles sumiu, ele deixou o bar, partindo para a rua principal, quinhentos metros para frente tinha um trabalho à cumprir.


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Autor: Lexaror

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Arquivo: Jonh Care

Nome: ------------------------------------------------Jonh Care
Gênero:---------------------------------------------Homem cis
Cor:-------------------------------------------------------Branco
Altura:-------------------------------------------------------1,97
Peso:--------------------------------------------------------114,3
Data de nascimento:------------------------------30/01/1989
Local de ação:---------------------------------Cidade Olimpo
Ocupação:------------------------Gerente na empresa Rivia
Preferencias:--------------------------Pessoas em boa forma
Especialidades:------------------------------Retirada da pele
Método:---------------------------------------Pancada na nuca
Vitimas:-------------------------------------------------------12

domingo, 5 de agosto de 2018

Arquivo: Karon Colly

Nome: ---------------------------------------------Karon Colly
Gênero:----------------------------------------------Mulher cis
Cor:-------------------------------------------------------Branca
Altura:-------------------------------------------------------1,62
Peso:---------------------------------------------------------52,3
Data de nascimento:------------------------------09/05/1998
Local de ação:--------------Cidade Histórica de São Teros
Ocupação:--------------------------------------------Nenhuma
Preferencias:--------------------Homens entre 40 e 50 anos
Especialidades:---------------------------------Sobrevivência
Método:----------------------------------------Esfaqueamento
Vitimas:------------------------------------------Desconhecido

Testando a sorte


Na televisão George K apreciava a notícia sobre sua última vítima, já fazia dois dias e as chances de encontrar o culpado diminuíam cada vez mais. Segundo a repórter aquela era o vigésimo ataque do “Maníaco da Rua Dezenove”, ele não sabia se aquilo estava certo, contar quantas mulheres ele havia atacado lhe pareceu algo desnecessário e sem sentido. O que importa é a sensação do momento e não os números.
Assim que a reportagem terminou ele desligou a televisão e deixou a casa, era uma bela manhã para se caminhar. Sua mente flutuava entre a apreciação da jovem de poucos dias atrás, o trauma de seu sequestro e a grande oportunidade que havia recebido de Lexaror. Sem que percebesse ele acabou deixando seu bairro, indo parar na tão famosa rua dezenove.
A decisão de olhar como estava o lugar onde tudo havia começado era irresistível e George não é um homem conhecido por seu alto-controle.
Várias das casas estavam vazias, mesmo ele tendo agido por ali apenas três vezes, o que provavelmente destruiu a valorização dos imóveis e assustou muitas famílias.
—Será que não perceberam meu tipo? — Murmurou ele para si mesmo. — Bem, não importa.
Alguns moradores começaram a deixar suas casas para pegar o jornal e olhavam desconfiados para ele, um estranho rodando por ali devia ser algo totalmente assustador, mesmo após já terem passado meses desde o último crime.
George começou a voltar para sua casa pensando se poderia agir sem sofrer com os incômodos da polícia. Pelas palavras de Lexaror não seria um problema, mas como ele conseguiria garantir isso? Comprando policiais? Não podia ser tão simples, era algo difícil de impedir, principalmente para crimes considerados tão terríveis.
Bem, arriscar uma não faria mal, nem seria tão perigoso se estivesse em um bairro afastado do último em que agiu, a segurança não costumava aumentar em grandes distâncias.
—Você soube o que aconteceu na Vila Lobo? — Perguntou um rapaz a outro enquanto passavam por ele. — Aquele maníaco atacou novamente!
—Eu vi! — Respondeu o outro. — Quando será que vão pegar esse doente? Fico preocupado com a minha mãe.
O jovem possuía cabelos claros como trigo, provavelmente herdados da mãe, George teve que controlar o impulso de segui-lo e descobrir se estava certo, mas estava muito próximo de sua casa, não podia mais atacar por ali.
Assim que chegou em casa não esperou para ir até a estante de livros onde pegou um caderno velho e usado por completo, seu velho diário. Já fazia alguns anos que George anotava as mulheres que passavam por ele e agradavam seu perfil, onde havia sido, qual o horário, seus detalhes, o que pensava em fazer com elas, entre outras coisas. Após alguns anos ele começou a segui-las e anotar suas rotinas, somente na segunda metade do ano anterior ele tomou coragem começando a agir. Naquele caderno estavam suas mais prováveis vítimas.
Enquanto folheava as páginas, senhor K, notou que várias delas estavam riscadas, não que fizesse diferença, haviam mais seis, caso aquele acabasse.
“Rua Ricardo Terceiro, beirando os trinta anos, magra, com um loiro dourado que brilha com a luz do sol, sete e meia da manhã, lanchonete Princesa.”
Aquela anotação já fazia dois anos, porém ele a seguira por duas semanas e ela tomava café naquele mesmo lugar todos os dias por volta das sete da manhã. As chances de ela trabalhar no mesmo lugar eram grandes.
Ele olhou para o seu relógio, ainda eram seis e quinze, ele teria pouco tempo para chegar lá, teria que contar com a sorte. Foram necessários apenas cinco minutos para ele pegar sua faca e por uma roupa escura fácil de abrir ou fechar, rapidamente partindo para o ponto de ônibus.
A animação com a ideia do prazer duplo em uma semana, sem ter que se preocupar com os riscos, parecia correr pelo seu sangue, aquela noite maluca foi a melhor coisa que poderia ter acontecido com ele, era como ser intocável.

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Sorte, é como o dia de George poderia ser definido, assim que entrou na lanchonete avistou a mulher deixando o lugar com seu habitual café, logo a seguindo. Eles caminharam pelas ruas movimentadas por alguns minutos antes dela entrar em um prédio comercial onde trabalhava.
Aquilo iria levar, segundo suas anotações, pelo menos quatro horas, ele então resolveu voltar para lanchonete e comer algo, o dia prometia ser longo dali em diante.
Não estava errado, a mulher levou exatamente quatro horas para deixar o prédio. Se não estava enganado ela raramente costumava sair durante a noite, mas desistir era a última coisa que passava pela sua cabeça.
Três horas após voltar a mulher deixou o prédio mais uma vez, dessa vez parecia ser definitivo. George a seguiu até o metrô a alguns metros da lanchonete onde a havia encontrado. Sua casa também não era muito distante da estação o que diminuiu drasticamente suas chances de pega-la em um lugar tranquilo, mesmo sem motivos para continuar ele decidiu esperar mais um pouco.

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Observando afastado George sentia o sono de um dia exaustivo toma-lo, no momento os frutos daquela busca pareciam tão distantes quanto o conforto de sua casa. A escuridão da noite estendia suas garras lentamente sobre os últimos raios de sol, levando todo o animo que tivera pela manhã.
Isso até as luzes da casa começarem a se apagar. Foi como se uma carga de energia fosse disparada em suas veias, a mulher iria sair aquela noite! Uma péssima decisão.
Em poucos minutos ela deixou a casa, muito bem arrumada e conversando no celular. Agora era uma questão de sorte, alguma rua precisava estar vazia para que pudesse agir.
Enquanto andava ela em alguns momentos ela atirava seu cabelo para trás, George podia jura que a cada balançar um rastro dourado era deixado para trás, para ele, a mulher o estava chamando.
Um beco escuro a poucos metros, uma rua vazia, sua vítima distraída, aquele era o momento para agir, seu instinto predatório estava bem afiado, seria fácil como sempre.
Ele disparou na direção da mulher, tapou sua boca com uma mão e forçou a faca contra garganta dela, arrastando sua presa indefesa para o beco sem esforço algum.
—Sabe o que acontece se gritar, não é? — Perguntou ele apertando a faca.
Ela balançou a cabeça o encarando com olhos aterrorizados.
—Agora se abaixe. — Ordenou K a empurrando. — Coloque o rosto no chão e empine-se.
Não houve resistência alguma, o universo estava agindo ao seu favor, era impossível negar.

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Enquanto a sensação mais confortável que passava por ela era seu rosto sendo arrastado no chão, Maria se perguntava porquê diabos havia escolhido sair bem naquele dia. Suas amigas tinham conseguido convence-la a comemorar seu aniversario em uma boate, ela nunca havia feito algo assim.
“É tudo culpa sua, devia ter ficado em casa como sempre.” Pensou ela. “Olhe essas roupas, estava pedindo por isso.”
A monstruosidade atrás de si puxou seus cabelos, afastando qualquer pensamento.

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George cheirou os cabelos da mulher, isso o lembrou de coisas ruins, aquele dourado conseguia ser divino e atormentador. Um êxtase o tomou enquanto todo seu corpo tremia, acabava de gozar.
Não houve tempo para a pobre coitada sentir-se mal ou suja, a faca atravessou o corpo com facilidade, fazendo um grito agudo escapar de sua garganta, e mesmo sem motivos para continuar obedecendo ela se manteve instintivamente na mesma posição.
Outra vez a faca atravessou suas costas e barriga, seguido pelo golpe quase de misericórdia direto no pulmão.
George fechou suas roupas, limpou a faca na parte de dentro do casaco e partiu. Agora bastava esperar para descobrir se o que Lexaror disse era verdade.
A volta para casa foi tranquila e calmante como sempre.

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Autor: Lexaror