quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Mau dia


Karon acordou com a música repentina entrando na casa, esse é o maior problema em lugares abandonados, qualquer um pode entrar. Sem pensar duas vezes ela pegou suas coisas e subiu para o cômodo superior, não era bom se arriscar em situações como essa, poderiam ser só alguns adolescentes arruaceiros ou até mesmo skinheads buscando um lugar para encher a cara. Rapidamente ela passou a ouvir as janelas sendo quebradas e objetos atirados, ao que parecia era a primeira opção.
Talvez devesse saltar pela janela e sair logo dali, no entanto seria problemático encontrar outro lugar tão perto do amanhecer, o melhor seria se esconder.
Procurando no cômodo vizinho ela encontrou um banheiro com a porta bem conservada, talvez tudo não fosse para merda dessa vez. Ao entrar Karon se deixou levar pela pior coisa que podia, o ânimo de tudo dar certo, a jovem esqueceu de checar se as dobradiças estavam boas, o ruído foi tão alto que não havia duvidas se quem estava no andar de baixo ouviu.
Enquanto segurava a porta com todas as forças que tinha ela implorava para divindade que mexia suas linhas a ajudasse dessa vez.
O silêncio dominou a casa no momento seguinte, os malditos haviam percebido sua presença.
—Eu sei o que eu ouvi! — Gritou um dos jovens no andar de baixo.
—Então vá ver, idiota! — Respondeu o outro.
Para o azar de Karon ele realmente foi descobrir a fonte do barulho. Os passos ecoavam pesadamente por toda a casa dizendo que ela não estava para enfrentar alguém pequeno.
—Tem alguém aí? — Perguntou ele. — Não vamos te machucar, só queremos nos divertir.
“Se divertir comigo, não é?” Pensou a jovem. “Imagino como vão fazer isso.”
Sentindo os passos se aproximarem da porta ela sacou sua faca e pôs todo seu peso contra a única coisa que a separava do gigante, mais uma vez teria que lutar para sobreviver.
—Você está aqui? — Perguntou ele girando a maçaneta, fazendo a porta se mover um pouco antes de Karon tornar a fecha-la. — Não precisa ter medo. Saia daí.
“Se não quer nada comigo por que insiste em querer me ver?” Se perguntou a jovem, porém continuou em silêncio, enquanto não soubessem que era uma mulher melhor seria para ela.
Com apenas duas batidas o rapaz quase a tirou da porta, ele devia ser um monstro. Karon apertou sua faca, se ele decidisse por aquela porta abaixo não haveria dificuldade alguma, mas não importava o que ela precisasse encarar ali, não podia aceitar morrer facilmente.
—Ou você abre essa porta ou eu vou derruba-la. — Ameaçou o arruaceiro.
Sem esperar para descobrir se aquilo era ou não um blefe a jovem deixou sua posição na porta, se colocando ao seu lado. Com apenas um empurrão usando o pé ele arrebentou a porta fazendo-a bater em Karon com força, ela deveria ter pensado que isso aconteceria.
Um gigante de cabelos longos e desgrenhados, vestindo uma jaqueta de couro entrou no banheiro olhando em volta em busca do outro invasor.
—Cadê você? — Perguntou ele parecendo um louco.
Quando a porta atingiu Colly ela quase deixou sua faca escapar, juntamente com um grito, porém conseguiu segura-los usando todas suas forças para fazê-lo. A jovem empurrou a porta lentamente, finalmente encarando seu Golias, a faca brilhando na sua mão, ela, porém, não o mataria ainda, tinha um plano melhor.
No momento em que se virou uma faca foi posta entre as pernas do rapaz, o que faria até o mais valente dos homens erguer as mãos sem pensar. A mulher na sua frente se parecia com um pesadelo de olhos enfurecidos, prestes a corta-lo sem hesitar.
—Não deveria ter entrado aqui. — Disse ela irritada. — Agora você vai me obedecer ou pode dizer adeus pro seu amiguinho.
O rapaz concordou com a cabeça, não havia duvidas de quem estava no controle.
—Pra fora! — Ordenou ela. — Andando!
A ponta da faca cutucando suas costas enquanto descia as escadas lembrava o rapaz de não fazer nenhuma loucura.
Dois jovens estavam sentados no chão do andar de baixo com uma garrafa de bebida entre eles, um deles segurava um taco de baseball, provavelmente o líder do trio, enquanto o outro carregava um cano de metal, aquilo poderia se tornar problemático.
—Josh! Marcos! — Chamou o rapaz quando chegaram ao fim da escada.
Os dois olharam para o amigo inocentemente, sem entender qual era a situação. Ao finalmente perceberem a presença da pequena jovem descabelada e de olhar fixo os dois se levantaram rapidamente.
—Quem é sua amiga, Rony? — Perguntou o que segurava o taco de baseball se animando.
Assim que o líder deu o primeiro passo na sua direção Karon tirou a faca das costas do rapaz e a pôs na barriga do mesmo, o clima do lugar mudou de imediato. Como se pesado demais para se mover o arruaceiro paralisou.
—Mais um passo e seu amigo vai ter que catar as próprias tripas. — Ameaçou ela enfurecida.
—Tudo bem... — Respondeu o líder. — Não queremos te machucar...
—Então pode soltar esse taco. — Respondeu Colly. — A menos que não ligue do seu amigo ganhar uma bela cicatriz.
—Faz o que ela diz, Marcos. — Pediu Rony amedrontado.
O líder da gangue baixou o taco, porém não soltou, a tensão do lugar pareceu dobrar, Karon nunca foi do tipo que gosta de brincadeiras ou blefes.
—Você não deve se importar muito com ele. — Disse a jovem forçando a faca ainda mais.
—Tente entender. — Respondeu Marcos. — Se eu soltar o taco nada vai poder te impedir de fatiar meu amigo.
—Se não largar vou corta-lo e arrancar suas mãos em seguida. — Ameaçou Karon.
Toda confiança na voz da garota o convenceu a obedecer, sem pensar seu amigo que segurava o cano de metal também largou sua arma. A pressão diminui consideravelmente, mas a jovem Colly sabia que o controle da situação ainda podia mudar, precisava mostrar quem estava no poder.
Com um movimento rápido ela cortou a panturrilha de Rony que caiu de joelhos no chão gritando surpreso, quando os dois jovens ameaçaram ir contra ela a garota já estava com sua lâmina na garganta do gigante.
—Não! — Gritou ela. — Se tentarem mover um músculo vou pintar o chão de vermelho.
Agora estava claro quem controlava a situação.
—Agora vai acontecer o seguinte, — começou ela, — eu vou sair dessa casa com o seu amigo aqui, ir até o portão sem ninguém nos seguir e então vou deixa-lo lá. Entenderam?
Ambos concordaram lentamente com a cabeça.
Enquanto deixava a casa, com a mão em meio aos cabelos castanhos do jovem que mancava e tinha uma faca pressionando sua garganta, Karon não desviava o olhar dos outros dois por um segundo sequer. Ela sabia que eles não esperariam que cruzasse o portão, nunca esperavam, então Colly precisava ser rápida, no momento que passasse pela porta dispararia para fora.
—Abra a porta. — Ordenou ela quando a alcançarem.
Ele obedeceu tentando manter a calma, quando deixaram a casa e o campo de visão de seus companheiros Karon bateu com pomo de sua faca na nuca do jovem, correndo, em seguida, na direção do portão. O tropeção aconteceu tão rapidamente que ela levou algum tempo para entender o porquê havia caído. Assim como havia imaginado os outros dois já alcançavam a porta, Rony se recuperava da pancada e virava-se para ela.
Colly começou uma disputada luta com a gravidade para se levantar, enquanto o gigante que ela ameaçara mancava cambaleante na sua direção com uma expressão feroz, claramente em busca de vingança. Ela deixou de tentar se levantar e passou a arrastar-se desesperada pelo chão, sem esperar o jovem agarrou sua perna e a puxou de volta para casa, tudo estava indo para o pior cenário possível. Enquanto lutava para se libertar do gigante ela buscava uma pequena chance de escapar, porém toda sua esperança se foi quando os companheiros de seu raptor os alcançaram.
Cada um dos jovens agarrou um de seus braços, as coisas estavam piorando insanamente rápido, eles entraram novamente na casa, não era a primeira vez que algo assim que aconteceria, porém ela sabia que havia os irritado demais ferindo um deles, provavelmente não sairia viva dessa.
“Seria um bom momento para usar a proteção de Lexaror.” Pensou ela desesperada.
—Vai se arrepender de ter nascido, vadia. — Disse Rony socando seu estômago.
O gigante agarrou seu queixo balançando sua face de um lado para o outro, observando a aparência da jovem, não era de todo mal. Dando um tapa em seu rosto ele a soltou apenas para tentar rasgar sua camisa, ao perceber que era uma tarefa mais difícil do que aparentava ele apenas a ergueu, revelando um pequeno par de seios.
Karon gritou em agonia quando a língua de seu raptor passou por seu mamilo, todo seu corpo estremeceu e a jovem fechou sua mão com força suficiente para seus dedos doerem, só então ela percebeu que já poderia ter acabado com aquela situação infernal antes mesmo de ter começado, pelo menos se não houvesse entrado em pânico.
A faca ainda estava na sua mão.
Rony tentava abrir sua calça enquanto seus amigos sorriam ensandecidos, estava na hora de acabar com a alegria deles.
Colly girou seu punho cortando o braço de um dos jovens que rapidamente se afastou assustado, com toda sua força ela perfurou a barriga do líder e terminou esfaqueando três vezes as costas de Rony antes que ele a deixasse em paz.
Todos os três se afastaram prontamente dela, enquanto agonizavam e viam seu próprio sangue escorrer, o controle voltava a ela.
Sem esperar que eles se recuperassem ela correu para o portão, que por sorte não havia sido trancado pelos jovens quando entraram, a rua estava vazia para sua sorte, precisava tomar cuidado ao andar durante o dia, ela baixou sua blusa, guardou a faca e torceu para que seu azar houvesse acabado.
“Talvez eu ache um lugar logo.” Pensou o mensageiro voltando as ruas.

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Autor: Lexaror

domingo, 21 de outubro de 2018

Descontrole


O cheiro da carne assando fazia sua boca salivar descontroladamente, enquanto as poucas gotas de gorduras caiam, a tornando perfeita para o consumo, John Care descascava algumas batatas-doces, aquele seria um bom almoço.
Aquela era a última parte de seu antigo estoque, o garoto do trem permanecia intacto no freezer e John estava ansioso para prova-lo.
Retirando a carne lentamente do espeto ele se lembrava do jovem Henry, um rapaz simpático e extrovertido, professor voluntario de boxe, que dava aulas em comunidades carentes, eles haviam se encontrado numa de suas academias, onde Henry buscava emprego.
Os dois conversaram por quase uma hora em um restaurante popular da região, então John o convidou para ir até seu escritório assinar a papelada referente a contratação, levando em seguida o jovem à sua casa e arrebentando sua cabeça com uma panela de pressão, uma ótima decisão, aquela era a melhor carne que já havia experimentado.
Ainda hoje, aproveitando a folga do final de semana, ele iria retirar a pele do outro jovem, algo extremamente trabalhoso, principalmente quando se trata de esconde-las. Mesmo sem ter feito muitas vítimas três peles já haviam sido encontradas e lhe rendido aquele apelido terrível.
“Arranca Couro...” Pensou ele estremecendo. “Se encontrasse o desgraçado que teve essa ideia, iria espanca-lo até não sobrar lugar para bater.”
Mas não adiantava remoer isso, a carne já estava pronta e comer com raiva era praticamente um pecado para Care, aquele era um momento a ser apreciado, principalmente quando se trata do último pedaço de seu melhor lote.
Ele ligou a televisão para se distrair um pouco, o jornal falava mais uma vez sobre aquele massacre no shopping e questionava como seu autor ainda não havia sido pego, mesmo tendo sua identidade revelada para o país inteiro, cartazes por toda parte e com a polícia recebendo todo apoio possível, era algo surreal. No entanto tudo aquilo pouco o importava, trocando de canal ele passou por dezenas de coisas desinteressantes até se deparar com uma luta de boxe feminino, aquilo valia seu tempo.
Estava pronto para comer. Enquanto se deliciava com o forte gosto de Henry ele imaginava como seria experimentar uma daquelas garotas, de todas as formas possíveis, a única coisa que incomodava John era o brilho daquela vaselina que parecia estragar suas carnes, deixando-as gordurosas demais. Conforme a luta seguia uma das jovens começou a sangrar, o liquido rapidamente tomou lugar da gordura em certas partes de seu rosto e isso estranhamente começou a excita-lo.
Sem perceber Care começou a se masturbar enquanto comia, todas aquelas sensações misturadas o estavam levando ao êxtase, o cheiro e sabor da carne, a visão do sangue escorrendo, aquela violência insana, o movimento dos corpos, a sensação em se tocar... Estava prestes a explodir.

------- † -------

Retirar a pele humana requer grande concentração se quiser manter no mínimo os danos a carne e a última coisa que Care conseguiria fazer naquele momento era se concentrar. Sua mente tentava entender os acontecimentos de mais cedo. John nunca foi um homem de se preocupar em controlar seus desejos, certa vez ele arrastou uma jovem para o banheiro da estação de metrô, arrebentou sua cabeça na parede e passou o restante do dia pensando em como sairia dali, porém o que havia feito em sua sala era totalmente sem precedentes, algo que até mesmo ele achava assombroso, nunca em sua vida havia se masturbado para uma luta e muito menos enquanto comia.
Sua mão tremeu e um grande pedaço de carne deixou o braço do cadáver em cima da mesa metálica.
—Merda! — Praguejou ele. — O que está havendo comigo hoje?
Ele parou por um momento e olhou para a mão que segurava a lâmina, o tremor era evidente, o sangue corria tão rápido em seu corpo que parecia queimar.
Care respirou fundo, precisava se acalmar, não podia se descontrolar daquela maneira, afinal ele quem comandava seu corpo. O incidente na sala era algo isolado, não fazia mal se deixar levar uma vez ou outra, é claro que ele manteria o autocontrole nas próximas vezes.

------- † -------

Horas depois John pingava suor após um longo e cansativo trabalho, nesse momento não desejava mais nada do que uma xícara enorme de café. No porão um balde quase transbordava com pele humana ao lado de um corpo quase perfeito para o consumo, só era necessário prepara-lo.
Sua mente cansada, porém muito mais calma, tentava se decidir como deveria fazer para livrar-se de toda aquela pele. Quando, certa vez, atirou os restos no rio encontraram trinta porcento dela e isso terminou por lhe render um apelido terrível, caso decidisse enterra-la precisaria fazer um trabalho melhor que o último, quando um cachorro encontrou e desenterrou tudo, outro havia sido encontrado em uma lixeira a trinta quilômetros de sua casa, esse pelo menos foi planejado, assim a investigação se focaria em alguém da região que não fosse ele.
Bem, poderia resolver isso amanhã, agora precisava de um banho e descansar a mente, talvez devesse assistir uma comédia.


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Autor: Lexaror

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Arquivo: George K

Nome: ------------------------------------------------George K
Gênero:---------------------------------------------Homem cis
Cor:-------------------------------------------------------Branco
Altura:-------------------------------------------------------1,78
Peso:---------------------------------------------------------68,3
Data de nascimento:------------------------------22/02/1975
Local de ação:------------------------------------------Hergos
Ocupação:------------------------------------------Empresário
Preferencias:----------------------------------Mulheres loiras
Especialidades:-----------------------------------Perseguição
Método:----------------------------------------Esfaqueamento
Vitimas:-------------------------------------------------------21

Alvos aleatórios


O sol brilhava, os pássaros piavam, carros buzinavam e corriam para todas as direções enquanto pessoas se arriscavam andando por entre eles, aquele era mais um dia entediante na vida de Charles. Mesmo em pleno horário de pico tudo parecia parado, de uma forma irritantemente calma e sem sentido.
Sua vontade era começar uma festa ali mesmo, mas Simon havia pedido para ele pegar alguma encomenda, era como uma missão secreta, só precisava lembrar o que devia fazer e onde ir.
Repentinamente ele parou diante de um semáforo que mudava para o verde, motoristas irritados começaram a buzinar e gritar, porém nada daquilo o incomodava, tinha que se lembrar da sua missão. O jovem então se sentou na faixa de pedestres e começou a coçar a cabeça, isso acabou por enfurecer um homem que desceu de seu quatro por quatro, era alguém parecido com Trevor, alto, forte e careca, a única diferença para Charles era sua pele.
—Ei fedelho! — Gritou o gigante indo na sua direção. — Sai do caminho ou passar por cima de você.
Isso fez o jovem gargalhar, até suas vozes eram parecidas, porém nada daquilo se mostrava divertido na visão do gigante, tudo que Charles conseguiu fazer foi irrita-lo ainda mais.
Um segundo antes de avançar contra ele o homem achou tê-lo reconhecido e hesitou, porém, esse pensamento, logo passou, substituído pela raiva de sua risada descontrolada.
Não se pode chamar o que Charles fez de reação, não houve percepção ­— de sua parte — da intenção agressiva do homem, ele faria exatamente a mesma coisa se o outro quisesse apenas conversar, as únicas que o homem conseguiu perceber foram o jovem baixando a mão até sua cintura, um estrondo e então tudo se tornou escuridão. Na mão do jovem que gargalhava estava um revólver soltando sua fumaça mortal, na mira da arma estava o vazio que já fora a cabeça de um homem.
O silêncio dominou o ambiente até o gigante atingir o chão, isso despertou o desespero nas pessoas ao redor, gritos e correria se tornaram as novas regras, alguns se abaixaram em seus carros enquanto outros simplesmente os abandonaram correndo.
Agora as coisas estavam como deveriam, tudo fazia sentido, Charles levantou, finalmente se lembrava onde deveria ir, mas não o porquê, no entanto isso não lhe parecia importante. Em meio a todo aquele caos o jovem se sentia confortável, aquele era seu lar, a paz que aquecia seu coração, porém ainda tinha uma missão a cumprir, não havia tempo para se divertir.
Apenas três quarteirões de onde havia disparado na face do gigante tudo voltava a sua habitual calmaria sem sentido, ele nunca poderia entender aquelas pessoas.

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Em alguns minutos Charles chegou onde deveria estar, o estacionamento do shopping center Neve, ele nunca havia estado ali, mas boatos diziam que lá estava o maior ringue de patinação do estado.
—Talvez eu vá lá mais tarde. — Disse ele para si mesmo animado com a ideia.
Agora só precisava descobrir porquê estava ali e se aquele era o momento certo, se estivesse atrasado Simon ficaria bravo.
—Isso importa? — Perguntou ele para o vazio. — Qualquer coisa eu estouro a cabeça dele e pronto, tudo resolvido.
Somente duas pessoas não temiam Lexaror após conhece-lo bem e ele era uma delas, se era por coragem, idiotice ou pelo fato de estar acostumado a resolver tudo com uma arma, já se tornava outra questão.
O assunto perdeu toda importância quando o jovem avistou alguém que chamou sua atenção, um homem quase careca, com uma barba grande e a testa brilhante, carregando sua maleta preta de empresário rico e normal, mas Charles sentia que o conhecia de algum lugar, seria ele a quem deveria encontrar?
A poucos metros outro homem parecia espera-lo com um chapéu engraçado e óculos escuros, um disfarce de filme, feito para chamar atenção.
—Espero que sejam eles. — Disse o jovem para si mesmo começando a seguir aquele com a maleta.
O homem de chapéu se incomodou ao ver o outro sendo seguido e bateu com dois dedos na janela do carro em que estava apoiado, rapidamente três seguranças desceram do veiculo com as mãos na cintura, prontos para sacarem suas armas. Diante de Charles o outro homem parou assustado com a cena, sem pensar ele se virou para fugir do que parecia uma emboscada, trombando com o garoto.
—Quem é você? — Perguntou ele começando a entender o que estava acontecendo.
Um enorme sorriso surgiu no rosto do garoto, enquanto a face do homem se tornava uma careta de horror, ele o havia reconhecido.
—O que... o que você está fazendo aqui? — Balbuciou ele desesperado.
A resposta veio em um estrondo que espalhou sangue e cérebro por todo chão. No tempo que os seguranças levaram para entender a situação Charles abateu dois deles, o terceiro teve a chance de revidar, porém quando disparou o garoto se atirou de costas no chão.
—Quem é esse desgraçado? — Perguntou o segurança.
—E sou eu quem vou saber? — Rebateu seu chefe entrando no carro. — Vamos sair daqui antes que ele levante.
Sem esperar o segurança entrou no carro, porém, antes que pudesse liga-lo, avistou seu algoz se aproximando pelo retrovisor, um garoto que não poderia ter mais que dezoito anos, uma criança capaz de abater dois homens treinados como se fossem moscas. Um fedelho como aquele iria tirar sua vida? Não poderia permitir.
O segurança ligou o carro, engatou a ré e teve todo seu crânio espalhado pelo painel junto com cacos de vidro. Com um grito de nojo e pânico o homem disfarçado deixou seu carro com as mãos erguidas.
—Eu pago o dobro de quem te mandou aqui! — Disse ele desesperado. — Não importa o preço, eu faço qualquer coisa!
Sem dizer nada Charles atingiu seu peito o lançando para trás imediatamente morto. Quando olhou dentro do carro o garoto encontrou outra maleta, só por garantia levaria as duas para Simon, agora vinha a parte fácil, fugir. A policia levaria algum tempo para chegar, teria apenas que lidar com os seguranças do shopping enquanto isso.

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Duas maletas foram atiradas na mesa de Lexaror derrubando e até mesmo quebrando alguns de seus objetos.
—Era isso que você precisava? — Perguntou Charles tentando esconder sua insegurança.
Antes de responder Lexaror abriu cada uma delas se expressar espanto ou raiva, nem mesmo pelo garoto ter destruído metade da sua mesa.
—Você conseguiu novamente, Charles. — Disse ele as fechando. — É bom ter alguém tão impressionante ao meu lado, falando sobre isso seu show passou no jornal agora mesmo, quinze vítimas.
—Achei que tivesse sido mais... — Respondeu o garoto parecendo desanimado. — Quem sabe na próxima.
—Pode ir agora, Charles. Já mandei deixarem algumas pizzas no seu quarto.
Por um momento ele quis saber o que havia nas maletas, porém esse desejo logo passou, não deveria ser nada que iria diverti-lo e as pizzas o estavam esperando.

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—Reis! — Chamou Lexaror.
Trevor entrou imediatamente no escritório.
—Leve isso para o cofre. — Disse Simon apontando para as maletas sobre a mesa. — E mande alguém para limpar essa bagunça.
O gigante obedeceu em silêncio.


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Autor: Lexaror