O sol brilhava, os
pássaros piavam, carros buzinavam e corriam para todas as direções enquanto
pessoas se arriscavam andando por entre eles, aquele era mais um dia entediante
na vida de Charles. Mesmo em pleno horário de pico tudo parecia parado, de uma
forma irritantemente calma e sem sentido.
Sua vontade era
começar uma festa ali mesmo, mas Simon havia pedido para ele pegar alguma
encomenda, era como uma missão secreta, só precisava lembrar o que devia fazer
e onde ir.
Repentinamente ele
parou diante de um semáforo que mudava para o verde, motoristas irritados
começaram a buzinar e gritar, porém nada daquilo o incomodava, tinha que se
lembrar da sua missão. O jovem então se sentou na faixa de pedestres e começou
a coçar a cabeça, isso acabou por enfurecer um homem que desceu de seu quatro
por quatro, era alguém parecido com Trevor, alto, forte e careca, a única
diferença para Charles era sua pele.
—Ei fedelho! — Gritou
o gigante indo na sua direção. — Sai do caminho ou passar por cima de você.
Isso fez o jovem
gargalhar, até suas vozes eram parecidas, porém nada daquilo se mostrava
divertido na visão do gigante, tudo que Charles conseguiu fazer foi irrita-lo
ainda mais.
Um segundo antes de
avançar contra ele o homem achou tê-lo reconhecido e hesitou, porém, esse
pensamento, logo passou, substituído pela raiva de sua risada descontrolada.
Não se pode chamar o
que Charles fez de reação, não houve percepção — de sua parte — da intenção
agressiva do homem, ele faria exatamente a mesma coisa se o outro quisesse apenas
conversar, as únicas que o homem conseguiu perceber foram o jovem baixando a
mão até sua cintura, um estrondo e então tudo se tornou escuridão. Na mão do
jovem que gargalhava estava um revólver soltando sua fumaça mortal, na mira da
arma estava o vazio que já fora a cabeça de um homem.
O silêncio dominou o
ambiente até o gigante atingir o chão, isso despertou o desespero nas pessoas
ao redor, gritos e correria se tornaram as novas regras, alguns se abaixaram em
seus carros enquanto outros simplesmente os abandonaram correndo.
Agora as coisas estavam
como deveriam, tudo fazia sentido, Charles levantou, finalmente se lembrava
onde deveria ir, mas não o porquê, no entanto isso não lhe parecia importante.
Em meio a todo aquele caos o jovem se sentia confortável, aquele era seu lar, a
paz que aquecia seu coração, porém ainda tinha uma missão a cumprir, não havia
tempo para se divertir.
Apenas três
quarteirões de onde havia disparado na face do gigante tudo voltava a sua
habitual calmaria sem sentido, ele nunca poderia entender aquelas pessoas.
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Em alguns minutos
Charles chegou onde deveria estar, o estacionamento do shopping center Neve,
ele nunca havia estado ali, mas boatos diziam que lá estava o maior ringue de
patinação do estado.
—Talvez eu vá lá mais
tarde. — Disse ele para si mesmo animado com a ideia.
Agora só precisava
descobrir porquê estava ali e se aquele era o momento certo, se estivesse
atrasado Simon ficaria bravo.
—Isso importa? —
Perguntou ele para o vazio. — Qualquer coisa eu estouro a cabeça dele e pronto,
tudo resolvido.
Somente duas pessoas
não temiam Lexaror após conhece-lo bem e ele era uma delas, se era por coragem,
idiotice ou pelo fato de estar acostumado a resolver tudo com uma arma, já se
tornava outra questão.
O assunto perdeu toda
importância quando o jovem avistou alguém que chamou sua atenção, um homem
quase careca, com uma barba grande e a testa brilhante, carregando sua maleta
preta de empresário rico e normal, mas Charles sentia que o conhecia de algum
lugar, seria ele a quem deveria encontrar?
A poucos metros outro
homem parecia espera-lo com um chapéu engraçado e óculos escuros, um disfarce
de filme, feito para chamar atenção.
—Espero que sejam
eles. — Disse o jovem para si mesmo começando a seguir aquele com a maleta.
O homem de chapéu se
incomodou ao ver o outro sendo seguido e bateu com dois dedos na janela do
carro em que estava apoiado, rapidamente três seguranças desceram do veiculo
com as mãos na cintura, prontos para sacarem suas armas. Diante de Charles o
outro homem parou assustado com a cena, sem pensar ele se virou para fugir do
que parecia uma emboscada, trombando com o garoto.
—Quem é você? —
Perguntou ele começando a entender o que estava acontecendo.
Um enorme sorriso
surgiu no rosto do garoto, enquanto a face do homem se tornava uma careta de
horror, ele o havia reconhecido.
—O que... o que você
está fazendo aqui? — Balbuciou ele desesperado.
A resposta veio em um
estrondo que espalhou sangue e cérebro por todo chão. No tempo que os
seguranças levaram para entender a situação Charles abateu dois deles, o
terceiro teve a chance de revidar, porém quando disparou o garoto se atirou de
costas no chão.
—Quem é esse
desgraçado? — Perguntou o segurança.
—E sou eu quem vou
saber? — Rebateu seu chefe entrando no carro. — Vamos sair daqui antes que ele
levante.
Sem esperar o
segurança entrou no carro, porém, antes que pudesse liga-lo, avistou seu algoz
se aproximando pelo retrovisor, um garoto que não poderia ter mais que dezoito
anos, uma criança capaz de abater dois homens treinados como se fossem moscas.
Um fedelho como aquele iria tirar sua vida? Não poderia permitir.
O segurança ligou o
carro, engatou a ré e teve todo seu crânio espalhado pelo painel junto com
cacos de vidro. Com um grito de nojo e pânico o homem disfarçado deixou seu carro
com as mãos erguidas.
—Eu pago o dobro de
quem te mandou aqui! — Disse ele desesperado. — Não importa o preço, eu faço
qualquer coisa!
Sem dizer nada Charles
atingiu seu peito o lançando para trás imediatamente morto. Quando olhou dentro
do carro o garoto encontrou outra maleta, só por garantia levaria as duas para
Simon, agora vinha a parte fácil, fugir. A policia levaria algum tempo para
chegar, teria apenas que lidar com os seguranças do shopping enquanto isso.
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Duas maletas foram
atiradas na mesa de Lexaror derrubando e até mesmo quebrando alguns de seus
objetos.
—Era isso que você
precisava? — Perguntou Charles tentando esconder sua insegurança.
Antes de responder
Lexaror abriu cada uma delas se expressar espanto ou raiva, nem mesmo pelo
garoto ter destruído metade da sua mesa.
—Você conseguiu
novamente, Charles. — Disse ele as fechando. — É bom ter alguém tão
impressionante ao meu lado, falando sobre isso seu show passou no jornal agora
mesmo, quinze vítimas.
—Achei que tivesse
sido mais... — Respondeu o garoto parecendo desanimado. — Quem sabe na próxima.
—Pode ir agora,
Charles. Já mandei deixarem algumas pizzas no seu quarto.
Por um momento ele
quis saber o que havia nas maletas, porém esse desejo logo passou, não deveria
ser nada que iria diverti-lo e as pizzas o estavam esperando.
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—Reis! — Chamou
Lexaror.
Trevor entrou
imediatamente no escritório.
—Leve isso para o
cofre. — Disse Simon apontando para as maletas sobre a mesa. — E mande alguém
para limpar essa bagunça.
O gigante obedeceu em
silêncio.
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Autor: Lexaror
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