sábado, 26 de maio de 2018

Pesadelo

Finalmente anoitecia, deixando Karon Colly sair daquela úmida e fedorenta casa abandonada, o dia nunca era um bom momento para pessoas como ela. Enquanto percorria as ruas escuras em direção ao terminal de ônibus, seus propósitos naquele lugar já haviam sido cumpridos, ela observava as poucas pessoas que cruzavam seu caminho com extrema desconfiança.
Um garoto esbarrou em seu ombro e teve a péssima ideia de zombar disso.
–Está cega, bruxa? – Debochou ele.
Três segundos, esse foi o tempo necessário para a jovem Colly agarrar seu braço, prensa-lo contra a parede e colocar uma faca em seu pescoço.
–Um bom motivo para não te cortar! – Ordenou ela com a voz rouca pelo pouco uso.
–Eu posso te pagar! – Gritou ele em resposta.
Observando a cena sem saber como agir o amigo do garoto permanecia parado com ambas as mãos erguidas e concordando com a cabeça desesperadamente.
–Dinheiro não vai... – Começou a moça, mas seu estomago roncou com força. – Joguem a grana e corram.
Eles obedeceram, desaparecendo logo após deixar quase trezentos reais no chão. Lexaror havia dito para não matarem fora de seus territórios, porém não disse nada sobre roubar.
Chegando no terminal ela conseguiu comprar um pastel velho antes que a última barraca fechasse, comparado ao que estava acostumada a comer aquilo era como um manjar dos deuses.
Enquanto terminava sua primeira refeição do dia a jovem foi até a bilheteria comprar a passagem de volta para sua cidade.
–A senhorita deu sorte, – comentou o bilheteiro, – esse é o último ônibus hoje.
–Sei disso. – respondeu ela simplesmente.
Sorte nunca foi algo comum em sua vida, caso Karon não planejasse bem como aconteceriam as coisas elas simplesmente se tornavam o mais puro caos.
Subindo no ônibus ela viu que haviam outros quatro passageiros aguardando mais o motorista, todos dormindo, algo que tornava a situação perfeita para ela, como dizem: “Quem não é visto não é lembrado.”
Os bancos do fundo estavam desocupados e eram um ótimo lugar para se passar a viagem tranquilamente. Sem nada para incomoda-la ela rapidamente dormiu.

------- † -------

Os sonhos de Karon costumam ser extremamente conturbados, sem mencionar confusos, e esse não era exceção.
Diante da pequena Colly se erguia o gigantesco portão do cemitério, os muros ao redor pareciam tão grandes quanto muralhas. Atrás dela a grande sombra se preparava para atacar.
Sua única opção era escalar o portão e foi o que começou a fazer mesmo com as grades cobertas por ferrugem e trepadeiras, estando muito escorregadias. Muitas vezes a pequena garota teve que se agarrar com toda a sua força para não cair e ter que encarar a sombra aguardando abaixo.
Após alguns minutos difíceis ela conseguiu chegar no topo do portão, para sua sorte aquele lado era mais baixo do que o de fora, então foi preciso apenas saltar para alcançar o chão.
A grande sombra apenas atravessou o portão como se não houvesse nada no caminho. Karon não tinha tempo para pensar, simplesmente saiu correndo com a sombra em seu encalço.
Mais à frente um túmulo se destacava dos demais, mais alto e bem cuidado que todos outros, como uma espécie de altar macabro, aquele era o porto seguro que ela buscava.
A jovem acelerou o ainda mais.
Vinte metros;
Toda força à frente.
Quinze metros;
–Estou quase!
Dez metros;
Pernas tremendo, ritmo desajeitado, peito queimando.
Cinco metros;
O chão se tornou um lamaçal fedorento.
Dois metros;
A garota esticou a mão tentando alcançar o túmulo.
 mundo escureceu e se tornou liquido quando seu tornozelo foi agarrado, tudo ficou de ponta cabeça de repente, água suja saiu de sua boca e um pouco da luz conseguiu chegar aos seus olhos. Bem na sua frente a grande sombra segurava-a pela perna, um sorriso aterrorizante surgiu em seu rosto inexistente.
–Hora de aprender Karon. – Sussurrou ela.
–Socorro! Mama! – Gritou a garota. – Ele quer me machucar, mama! Me ajude!
Ninguém veio.

------- † -------

Ao acordar gritando Karon despertou todos os outros passageiros que, para sua sorte, não reparam muito nela e logo voltaram a dormir. Quando percebeu que tudo não havia passado de um sonho a jovem pegou um velho caderno surrado em sua bolsa e anotou o símbolo com o qual sonhara, escrevendo sombra ao seu lado. Mais uma palavra para suas cartas.
Assim que guardou o caderno ela voltou a dormir, dessa vez um sono sem sonhos.

------- † -------

–O que você está fazendo aí? – perguntou o motorista a acordando.
–Fazendo onde? – perguntou ela de volta, ainda perdida.
O homem se afastou dando tempo para a jovem organizar seus pensamentos.
–Não te vi subindo. – Disse ele. – Não me diga que está tentando pegar uma carona, ou está?
–Quando subi você estava dormindo. – Respondeu ela irritada. – Meu bilhete está aqui.
Ela entregou a passagem para o motorista, que a pegou da forma mais rude possível, se decepcionando ao confirmar a veracidade da história.
–Já chegamos. – Disse ele por fim. – Pegue suas coisas e desça.
Como não havia mala para ser pega a jovem apenas desceu, sua vontade era brigar com o maldito motorista, talvez até mata-lo, porém o lugar era péssimo para isso e sua pouca sorte já colaborou para que ele não a reconhecesse, não seria bom abusar.
A noite ainda dominava quando ela deixou o terminal sem rumo.
Não havia um destino para ela, provavelmente alguém já pegara a casa abandonada que Karon invadira na semana anterior. Tudo por causa de um túmulo, bem já não adiantava reclamar, até porquê a viagem foi bem mais lucrativa do que poderia ter imaginado, conversar com sua mãe valia qualquer sacrifício e o tal senhor Lexaror tinha feito uma proposta muito boa, diminuindo seu único medo, ser presa.
Karon parou, ao seu lado estava um restaurante fast-food ainda aberto iluminando a rua quase por inteira. As possibilidades começaram a passar pela sua cabeça, ela poderia ficar algumas horas no restaurante, comer alguma coisa e tentar dormir sem ser descoberta e expulsa ou continuar vagando pela noite, o que seria arriscado se ela não fosse a pessoa que mais causava medo naquela cidade.
A segunda opção pareceu melhor, então ela apenas continuou andando até encontrar com uma construção aberta, aquele era um bom lugar para passar a noite sem correr grandes riscos.
Quando entrou começou imediatamente a inspecionar o local para saber se estava sozinha, não estava.
Um homem dormia sobre alguns sacos de cimento, ele parecia murmurar algo durante seu sono inquieto, como se soubesse o que estava para acontecer. Sua aparência fez a jovem se lembrar de seu pai, barba por fazer, o cabelo desgrenhado começando a se tornar grisalho, a pele maltratada pelo sol e as mãos fortes e calejadas.
Mesmo com pouca luz a faca de Karon brilhou selvagemente quando foi puxada, ansiosa para beber. O homem abriu os olhos apenas para se ver sendo perfurado diretamente no pescoço, não houve reação, ele apenas a encarou quase agradecido.
Sem esperar sequer o sangue parar de escorrer ela puxou seu caderno para escrever uma carta que misturava letras e palavras/símbolo.
Sua velocidade escrevendo é assustadora, sem necessidade alguma de confirmar os símbolos.
Quando terminou ela simplesmente arrancou a folha, largou no chão, pegou sua faca de volta, limpou, guardou e saiu dali, aquele lugar já não era mais seguro.




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Autor: Lexarot

Arquivo: Mark Roren

Nome: -----------------------------------------------Mark Roren
Gênero:-----------------------------------------------Homem cis
Cor:--------------------------------------------------------Branco
Altura:--------------------------------------------------------1,63
Peso:----------------------------------------------------------59,8
Data de nascimento:--------------------------------14/07/1961
Local de ação:----------------------------------Grande Miguel
Ocupação:-------------------------------------------Marceneiro
Preferencias:------------------------------------------Nenhuma
Especialidades:-------------------------------------Furtividade
Método:-----------------------------------------Esfaqueamento
Vitimas:--------------------------------------------------------11