sábado, 16 de dezembro de 2017

Conhecendo companheiros?


Qualquer um diria que aceitar a proposta de um homem que te sequestra no meio da noite não seria uma boa ideia. Porém nenhum daqueles - seguindo para o escritório onde passaram um de seus piores momentos de pânico - era uma pessoa comum.
Foi assim que o último membro do estranho grupo abriu a porta que o prendia horas antes.
–Senhor Diaz! – Saudou o homem que havia convocado sua presença na noite anterior. – Estávamos a sua espera, só faltava o senhor.
E assim como ele dizia, todos os outros aguardavam sentados, muito mais calmos que na noite anterior.
–Acho que devemos começar com as apresentações. –Continuou o anfitrião. – Eu sou Lexaror Simom, e este é meu segurança particular: Trevor Reis, também conhecido como Jason de São Hélios.
Nenhum dos presentes conseguiu esconder seu espanto, aquele era um nome bem conhecido pelos jornais do país.
Lexaror deixou sua mesa indo até o homem na cadeira mais próxima, assim que pôs as mãos sobre seu ombro pode senti-lo estremecer.
–Este é o senhor George K. – disse ele. – O famoso Maníaco da rua dezenove.
Alguém não conseguiu segurar um pequeno grito de espanto, mas ninguém soube dizer quem.
George era um homem alto, muito magro, com sua pele tão branca quanto um fantasma e seu nariz extremamente comprido. Por um momento ele pareceu prestes a surtar e tentar fugir, porém, até em pânico todos ali sabiam que isso não era mais uma opção.
–Você, senhor Diaz, de pé. – O homem levantou-se sem nem mesmo pensar. – Este é Sandro Diaz, mas é claro ninguém aqui o conhece, nenhuma de suas poucas vítimas encontradas foram ligadas ao mesmo assassino.
“Isso porquê nosso companheiro utiliza um método não muito comum, o afogamento. ”
Alguns murmúrios de surpresa se espalharam pelo recinto. Entre todos ali Diaz era o que parecia mais comum. Não muito alto, de pele parda, com uma aparência um tanto latina, alguém que poderia passar por você na rua e mal ser notado.
–Pode se sentar. – Ordenou Simon. – Agora, senhor John Care, acho que se lembram dele da noite anterior. Ele já possui um nome correndo pela sua cidade - Arranca Couro - O que acho um apelido meio grosseiro.
–Não me importo muito com ele. – Respondeu Care.
Um homem realmente assustador em seus dois metros de altura e mais de cem quilos de puro músculo. Sua pele era queimada pelo sol, mas ainda era possível ver sua clareza.
–Este aqui é o senhor Mark Roren. – Continuou o anfitrião segurando o ombro do homem. – Todos aqui provavelmente o conhecem como “Diabrete”.
Ele não se levantou para que os outros o vissem, apenas permaneceu apertando o braço da cadeira e tremendo levemente - era clara sua ansiedade.
O nome que havia recebido encaixava perfeitamente com sua aparência. Baixo, não passava de um metro e sessenta, extremamente magro, tão pálido quanto um cadáver, com o alto da cabeça calva brilhando com a luz da sala.
–Essa todos vocês devem conhecer, – prosseguiu ele, –mas diferente da maioria, por seu nome real e não por um apelido - senhorita Mary Castell.
Todos se viraram para mulher que ele apontava com a mão, uma jovem alta e bela, sua pele negra extremamente bem cuidada e sedutora. Ela realmente se destacava em meio ao grupo.
–Sabia que a conhecia de algum lugar! – Exclamou George. – Mas o que uma das maiores empreendedoras do país faz aqui?
–Sua aparência demonstra mais inteligência do que possui, senhor George. – Respondeu ela.
O clima passou a pesar ainda mais. E Simon não pareceu se incomodar com a situação.
–Muito bem, senhor George, – continuou, – não sei se é apenas um disfarce ou se nossa companheira está correta ao seu respeito, mas parece óbvio o motivo dela estar aqui. A senhorita Castell é uma torturadora e possui métodos muito bons para se livrar dos restos de suas presas, por isso não recebeu um apelido.
Isso pareceu ofender alguns dos presentes, porém ninguém quis se manifestar na frente do homem ou de seu enorme capanga.
–Bem, prosseguindo. Este é o senhor Zack Orion. Outro indivíduo extremamente cuidadoso com seu trabalho, apenas uma de suas vítimas foi descoberta até o momento.
“É claro que seu verdadeiro emprego ajuda consideravelmente em suas atividades necrófilas.”
Um rapaz relativamente jovem, com olheiras profundas e uma barba por fazer se levantou. Era alto, com um peso muito bom para sua altura, os músculos bem trabalhados sob a pele parda e maltratada pelo sol - era fácil perceber que não era alguém que se importava muito com a própria aparência.
A situação inusitada em que se encontrava não parecia incomodá-lo tanto quanto aos outros, ele mal aparentava estar totalmente consciente.
–Agora o doutor Henry Morrisson, – Apresentou Simon. – Assim como a senhorita Castell ele é um torturador, mas é claro, com métodos e motivações diferentes; sempre por razões científicas.
O médico se levantou, era um senhor realmente alto, porém sua postura curvada lhe dava uma aparência mais baixa; os olhos fundos e a pele branca descuidada o faziam parecer ainda mais velho.
–Por último temos um membro que é um dos mais famosos entre todos aqui, senhorita Karon Colly, pode se levantar, por favor?
Uma moça, mais jovem que qualquer outro naquele lugar, se levantou, longos cabelos negros se desgrenhavam em sua cabeça. Mesmo com as longas mangas de sua camisa era possível perceber as diversas tatuagens em seus braços, com a pele parecendo extremamente frágil, os olhos cansados observavam todos ali com selvageria.
–A senhorita Colly é conhecida como “O Mensageiro”. – Todos no recinto reconheceram aquele nome. – O famoso assassino que deixa mensagens codificadas é uma jovem com não mais que vinte anos. Um prodígio entre todos aqui.
A expressão de Karon suavizou um pouco, receber elogios é sempre bom, mesmo em uma situação tão bizarra.
–Agora que todos foram apresentados podemos explicar algumas condições do trabalho.
Sem que fosse necessário qualquer comando, Trevor deixou sua posição ao lado da porta e se direcionou para trás da mesa de seu chefe, esticando um mapa na parede.
–Este, como podem perceber, é o mapa do estado. – Disse Simon. – Como imagino todos notam que ele está dividido por cidades. Cada um de vocês agora possui um território próprio, para caçar e usufruir à vontade. Estes territórios são, obviamente, a cidade em que já moram.
“Vocês não podem agir em qualquer outro lugar, exceto com a minha permissão direta ou do dono da região.”
“Não me importa o que estejam fazendo, quando os convocar devem vir imediatamente.”
“O que posso prometer é evitar a descoberta de vocês, mas não há como prever seus movimentos a todo instantes e impedir que sejam pegos durante suas ações. Então peço que se mantenham cuidadosos.”
“E por último, caso traiam minha confiança, em qualquer situação ou por qualquer motivo, não serei um homem piedoso.”

Mesmo que alguns não houvessem se sentido ameaçados pelas palavras de Simon, ninguém o respondeu.


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Autor: Lexaror
Edição: Estevão