Qualquer um diria que aceitar a proposta de um homem que te sequestra no meio da noite não seria uma boa ideia. Porém nenhum daqueles - seguindo para o escritório onde passaram um de seus piores momentos de pânico - era uma pessoa comum.
Foi assim que o último membro do estranho grupo abriu a porta que o prendia horas antes.
–Senhor Diaz! – Saudou o homem que havia convocado sua presença na noite anterior. – Estávamos a sua espera, só faltava o senhor.
E assim como ele dizia, todos os outros aguardavam sentados, muito mais calmos que na noite anterior.
–Acho que devemos começar
com as apresentações. –Continuou o anfitrião. – Eu sou Lexaror Simom, e este é
meu segurança particular: Trevor Reis, também conhecido como Jason de São
Hélios.
Nenhum dos presentes
conseguiu esconder seu espanto, aquele era um nome bem conhecido pelos jornais
do país.
Lexaror deixou sua mesa
indo até o homem na cadeira mais próxima, assim que pôs as mãos sobre seu ombro
pode senti-lo estremecer.
–Este é o senhor George K.
– disse ele. – O famoso Maníaco da rua dezenove.
Alguém não conseguiu
segurar um pequeno grito de espanto, mas ninguém soube dizer quem.
George era um homem alto,
muito magro, com sua pele tão branca quanto um fantasma e seu nariz
extremamente comprido. Por um momento ele pareceu prestes a surtar e tentar
fugir, porém, até em pânico todos ali sabiam que isso não era mais uma opção.
–Você, senhor Diaz, de
pé. – O homem levantou-se sem nem mesmo pensar. – Este é Sandro Diaz, mas é
claro ninguém aqui o conhece, nenhuma de suas poucas vítimas encontradas foram
ligadas ao mesmo assassino.
“Isso porquê nosso
companheiro utiliza um método não muito comum, o afogamento. ”
Alguns murmúrios de
surpresa se espalharam pelo recinto. Entre todos ali Diaz era o que parecia
mais comum. Não muito alto, de pele parda, com uma aparência um tanto latina,
alguém que poderia passar por você na rua e mal ser notado.
–Pode se sentar. –
Ordenou Simon. – Agora, senhor John Care, acho que se lembram dele da noite
anterior. Ele já possui um nome correndo pela sua cidade - Arranca Couro - O
que acho um apelido meio grosseiro.
–Não me importo muito com
ele. – Respondeu Care.
Um homem realmente
assustador em seus dois metros de altura e mais de cem quilos de puro músculo.
Sua pele era queimada pelo sol, mas ainda era possível ver sua clareza.
–Este aqui é o senhor
Mark Roren. – Continuou o anfitrião segurando o ombro do homem. – Todos aqui
provavelmente o conhecem como “Diabrete”.
Ele não se levantou para
que os outros o vissem, apenas permaneceu apertando o braço da cadeira e
tremendo levemente - era clara sua ansiedade.
O nome que havia
recebido encaixava perfeitamente com sua aparência. Baixo, não passava de um
metro e sessenta, extremamente magro, tão pálido quanto um cadáver, com o alto
da cabeça calva brilhando com a luz da sala.
–Essa todos vocês devem
conhecer, – prosseguiu ele, –mas diferente da maioria, por seu nome real e não
por um apelido - senhorita Mary Castell.
Todos se viraram para
mulher que ele apontava com a mão, uma jovem alta e bela, sua pele negra
extremamente bem cuidada e sedutora. Ela realmente se destacava em meio ao
grupo.
–Sabia que a conhecia de
algum lugar! – Exclamou George. – Mas o que uma das maiores empreendedoras do país faz
aqui?
–Sua aparência demonstra
mais inteligência do que possui, senhor George. – Respondeu ela.
O clima passou a pesar
ainda mais. E Simon não pareceu se incomodar com a situação.
–Muito bem, senhor
George, – continuou, – não sei se é apenas um disfarce ou se nossa companheira está
correta ao seu respeito, mas parece óbvio o motivo dela estar aqui. A senhorita
Castell é uma torturadora e possui métodos muito bons para se livrar dos restos
de suas presas, por isso não recebeu um apelido.
Isso pareceu ofender alguns
dos presentes, porém ninguém quis se manifestar na frente do homem ou de seu
enorme capanga.
–Bem, prosseguindo. Este
é o senhor Zack Orion. Outro indivíduo extremamente cuidadoso com seu trabalho,
apenas uma de suas vítimas foi descoberta até o momento.
“É claro que seu
verdadeiro emprego ajuda consideravelmente em suas atividades necrófilas.”
Um rapaz relativamente
jovem, com olheiras profundas e uma barba por fazer se levantou. Era alto, com
um peso muito bom para sua altura, os músculos bem trabalhados sob a pele parda
e maltratada pelo sol - era fácil perceber que não era alguém que se importava
muito com a própria aparência.
A situação inusitada em
que se encontrava não parecia incomodá-lo tanto quanto aos outros, ele mal
aparentava estar totalmente consciente.
–Agora o doutor Henry
Morrisson, – Apresentou Simon. – Assim como a senhorita Castell ele é um
torturador, mas é claro, com métodos e motivações diferentes; sempre por razões
científicas.
O médico se levantou, era
um senhor realmente alto, porém sua postura curvada lhe dava uma aparência mais
baixa; os olhos fundos e a pele branca descuidada o faziam parecer ainda mais
velho.
–Por último temos um
membro que é um dos mais famosos entre todos aqui, senhorita Karon Colly, pode
se levantar, por favor?
Uma moça, mais jovem que qualquer
outro naquele lugar, se levantou, longos cabelos negros se desgrenhavam em sua
cabeça. Mesmo com as longas mangas de sua camisa era possível perceber as
diversas tatuagens em seus braços, com a pele parecendo extremamente frágil, os
olhos cansados observavam todos ali com selvageria.
–A senhorita Colly é
conhecida como “O Mensageiro”. – Todos no recinto reconheceram aquele nome. – O
famoso assassino que deixa mensagens codificadas é uma jovem com não mais que
vinte anos. Um prodígio entre todos aqui.
A expressão de Karon
suavizou um pouco, receber elogios é sempre bom, mesmo em uma situação tão
bizarra.
–Agora que todos foram
apresentados podemos explicar algumas condições do trabalho.
Sem que fosse necessário
qualquer comando, Trevor deixou sua posição ao lado da porta e se direcionou
para trás da mesa de seu chefe, esticando um mapa na parede.
–Este, como podem
perceber, é o mapa do estado. – Disse Simon. – Como imagino todos notam que ele
está dividido por cidades. Cada um de vocês agora possui um território próprio,
para caçar e usufruir à vontade. Estes territórios são, obviamente, a cidade em
que já moram.
“Vocês não podem agir em
qualquer outro lugar, exceto com a minha permissão direta ou do dono da
região.”
“Não me importa o que
estejam fazendo, quando os convocar devem vir imediatamente.”
“O que posso prometer é
evitar a descoberta de vocês, mas não há como prever seus movimentos a todo
instantes e impedir que sejam pegos durante suas ações. Então peço que se
mantenham cuidadosos.”
“E por último, caso
traiam minha confiança, em qualquer situação ou por qualquer motivo, não serei
um homem piedoso.”
Mesmo que alguns não
houvessem se sentido ameaçados pelas palavras de Simon, ninguém o respondeu.
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Autor: Lexaror
Edição: Estevão
Edição: Estevão