Na televisão George K
apreciava a notícia sobre sua última vítima, já fazia dois dias e as chances de
encontrar o culpado diminuíam cada vez mais. Segundo a repórter aquela era o
vigésimo ataque do “Maníaco da Rua Dezenove”, ele não sabia se aquilo estava
certo, contar quantas mulheres ele havia atacado lhe pareceu algo desnecessário
e sem sentido. O que importa é a sensação do momento e não os números.
Assim que a reportagem
terminou ele desligou a televisão e deixou a casa, era uma bela manhã para se
caminhar. Sua mente flutuava entre a apreciação da jovem de poucos dias atrás,
o trauma de seu sequestro e a grande oportunidade que havia recebido de
Lexaror. Sem que percebesse ele acabou deixando seu bairro, indo parar na tão
famosa rua dezenove.
A decisão de olhar
como estava o lugar onde tudo havia começado era irresistível e George não é um
homem conhecido por seu alto-controle.
Várias das casas
estavam vazias, mesmo ele tendo agido por ali apenas três vezes, o que
provavelmente destruiu a valorização dos imóveis e assustou muitas famílias.
—Será que não
perceberam meu tipo? — Murmurou ele para si mesmo. — Bem, não importa.
Alguns moradores
começaram a deixar suas casas para pegar o jornal e olhavam desconfiados para
ele, um estranho rodando por ali devia ser algo totalmente assustador, mesmo
após já terem passado meses desde o último crime.
George começou a
voltar para sua casa pensando se poderia agir sem sofrer com os incômodos da
polícia. Pelas palavras de Lexaror não seria um problema, mas como ele
conseguiria garantir isso? Comprando policiais? Não podia ser tão simples, era
algo difícil de impedir, principalmente para crimes considerados tão terríveis.
Bem, arriscar uma não
faria mal, nem seria tão perigoso se estivesse em um bairro afastado do último
em que agiu, a segurança não costumava aumentar em grandes distâncias.
—Você soube o que
aconteceu na Vila Lobo? — Perguntou um rapaz a outro enquanto passavam por ele.
— Aquele maníaco atacou novamente!
—Eu vi! — Respondeu o
outro. — Quando será que vão pegar esse doente? Fico preocupado com a minha
mãe.
O jovem possuía
cabelos claros como trigo, provavelmente herdados da mãe, George teve que
controlar o impulso de segui-lo e descobrir se estava certo, mas estava muito
próximo de sua casa, não podia mais atacar por ali.
Assim que chegou em
casa não esperou para ir até a estante de livros onde pegou um caderno velho e
usado por completo, seu velho diário. Já fazia alguns anos que George anotava
as mulheres que passavam por ele e agradavam seu perfil, onde havia sido, qual
o horário, seus detalhes, o que pensava em fazer com elas, entre outras coisas.
Após alguns anos ele começou a segui-las e anotar suas rotinas, somente na segunda
metade do ano anterior ele tomou coragem começando a agir. Naquele caderno
estavam suas mais prováveis vítimas.
Enquanto folheava as
páginas, senhor K, notou que várias delas estavam riscadas, não que fizesse
diferença, haviam mais seis, caso aquele acabasse.
“Rua Ricardo Terceiro,
beirando os trinta anos, magra, com um loiro dourado que brilha com a luz do
sol, sete e meia da manhã, lanchonete Princesa.”
Aquela anotação já
fazia dois anos, porém ele a seguira por duas semanas e ela tomava café naquele
mesmo lugar todos os dias por volta das sete da manhã. As chances de ela
trabalhar no mesmo lugar eram grandes.
Ele olhou para o seu
relógio, ainda eram seis e quinze, ele teria pouco tempo para chegar lá, teria
que contar com a sorte. Foram necessários apenas cinco minutos para ele pegar
sua faca e por uma roupa escura fácil de abrir ou fechar, rapidamente partindo
para o ponto de ônibus.
A animação com a ideia
do prazer duplo em uma semana, sem ter que se preocupar com os riscos, parecia
correr pelo seu sangue, aquela noite maluca foi a melhor coisa que poderia ter
acontecido com ele, era como ser intocável.
✥------- † -------✥
Sorte, é como o dia de
George poderia ser definido, assim que entrou na lanchonete avistou a mulher
deixando o lugar com seu habitual café, logo a seguindo. Eles caminharam pelas
ruas movimentadas por alguns minutos antes dela entrar em um prédio comercial
onde trabalhava.
Aquilo iria levar,
segundo suas anotações, pelo menos quatro horas, ele então resolveu voltar para
lanchonete e comer algo, o dia prometia ser longo dali em diante.
Não estava errado, a
mulher levou exatamente quatro horas para deixar o prédio. Se não estava
enganado ela raramente costumava sair durante a noite, mas desistir era a
última coisa que passava pela sua cabeça.
Três horas após voltar
a mulher deixou o prédio mais uma vez, dessa vez parecia ser definitivo. George
a seguiu até o metrô a alguns metros da lanchonete onde a havia encontrado. Sua
casa também não era muito distante da estação o que diminuiu drasticamente suas
chances de pega-la em um lugar tranquilo, mesmo sem motivos para continuar ele
decidiu esperar mais um pouco.
✥------- † -------✥
Observando afastado
George sentia o sono de um dia exaustivo toma-lo, no momento os frutos daquela
busca pareciam tão distantes quanto o conforto de sua casa. A escuridão da
noite estendia suas garras lentamente sobre os últimos raios de sol, levando
todo o animo que tivera pela manhã.
Isso até as luzes da
casa começarem a se apagar. Foi como se uma carga de energia fosse disparada em
suas veias, a mulher iria sair aquela noite! Uma péssima decisão.
Em poucos minutos ela
deixou a casa, muito bem arrumada e conversando no celular. Agora era uma
questão de sorte, alguma rua precisava estar vazia para que pudesse agir.
Enquanto andava ela em
alguns momentos ela atirava seu cabelo para trás, George podia jura que a cada
balançar um rastro dourado era deixado para trás, para ele, a mulher o estava
chamando.
Um beco escuro a
poucos metros, uma rua vazia, sua vítima distraída, aquele era o momento para
agir, seu instinto predatório estava bem afiado, seria fácil como sempre.
Ele disparou na
direção da mulher, tapou sua boca com uma mão e forçou a faca contra garganta
dela, arrastando sua presa indefesa para o beco sem esforço algum.
—Sabe o que acontece
se gritar, não é? — Perguntou ele apertando a faca.
Ela balançou a cabeça
o encarando com olhos aterrorizados.
—Agora se abaixe. —
Ordenou K a empurrando. — Coloque o rosto no chão e empine-se.
Não houve resistência
alguma, o universo estava agindo ao seu favor, era impossível negar.
✥------- † -------✥
Enquanto a sensação
mais confortável que passava por ela era seu rosto sendo arrastado no chão,
Maria se perguntava porquê diabos havia escolhido sair bem naquele dia. Suas
amigas tinham conseguido convence-la a comemorar seu aniversario em uma boate,
ela nunca havia feito algo assim.
“É tudo culpa sua,
devia ter ficado em casa como sempre.” Pensou ela. “Olhe essas roupas, estava
pedindo por isso.”
A monstruosidade atrás
de si puxou seus cabelos, afastando qualquer pensamento.
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† -------✥
George cheirou os
cabelos da mulher, isso o lembrou de coisas ruins, aquele dourado conseguia ser
divino e atormentador. Um êxtase o tomou enquanto todo seu corpo tremia,
acabava de gozar.
Não houve tempo para a
pobre coitada sentir-se mal ou suja, a faca atravessou o corpo com facilidade,
fazendo um grito agudo escapar de sua garganta, e mesmo sem motivos para
continuar obedecendo ela se manteve instintivamente na mesma posição.
Outra vez a faca
atravessou suas costas e barriga, seguido pelo golpe quase de misericórdia
direto no pulmão.
George fechou suas
roupas, limpou a faca na parte de dentro do casaco e partiu. Agora bastava
esperar para descobrir se o que Lexaror disse era verdade.
A volta para casa foi
tranquila e calmante como sempre.
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Autor: Lexaror
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